Rui Costa garante que podia ter faturado mais em vendas, mas optou por privilegiar a aposta desportiva. É uma jogada de risco cujo resultado será conhecido apenas no final da época.
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Rui Costa tem razões para sorrir. As dez vitórias seguidas do Benfica traduzem-se em bancadas cheias de euforia vermelha, que o treinador, Roger Schmidt, tem procurado manter fora do balneário.
Bem vistas as coisas, o alemão tem razão. Ele sabe que a equipa partiu sempre como favorita e apenas deu corpo à obrigação de vencer. Podia não ter acontecido, pelo que o mérito desta onda positiva é inquestionável.
O Benfica vive um bom momento, até para apresentar más contas. Na perspetiva dos adeptos, o sucesso é que interessa. Na verdade, como se houvesse lucros na SAD o dinheiro não lhes chegava ao bolso, fazem muito bem em pensar assim. E isto vale, naturalmente, para todos os clubes.
Os mais de 35 milhões de prejuízo no exercício 2021/22, resultado apresentado ontem pela SAD do Benfica, têm origem numa aposta declarada na vertente desportiva. Rui Costa revelou ter recusado propostas que dariam outro fôlego financeiro à sociedade. A sede de títulos, esclareceu o presidente das águias, determinou a estratégia, embora as leis do mercado também tenham desempenhado papel relevante, porque não é crível que tenham chegado à Luz, por exemplo, boas propostas por Weigl, entretanto emprestado.
A ideia de Rui Costa faz sentido se nos lembrarmos dos balancetes desportivos dos últimos três anos: um Benfica a zero em termos de títulos. Mas é uma espécie de "all-in" numa roleta que só vai parar lá para maio, no final da temporada. Como sempre em futebol, só o tempo dirá se este é o caminho certo, mas acumular prejuízos costuma devolver dissabores em qualquer atividade. O futebol não é exceção.