A JOGAR FORA - Uma opinião de Jaime Cancella de Abreu
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1 - Tudo o que conseguimos na espetacular goleada aplicada ao Atlético de Madrid foi por água abaixo frente ao Feyenoord - parecia até o mesmo jogo, mas às avessas: dominadores num, dominados no outro; capazes de surpreender taticamente num, taticamente surpreendidos no outro; frescos, velozes e intensos num, presos, lentos e facilmente ultrapassados no outro; três pontos que não eram uma obrigação para as contas do apuramento num, zero naquele em que era fundamental consegui-los. Não obstante, recomendaria aos benfiquistas, cuja bipolaridade os empurra do 80 para o 8, que façam como eu: é com crença absoluta na vitória e fé numa belíssima exibição que mais logo estarei na Catedral a apoiar a equipa frente ao Rio Ave.
2 - Lida e relida, para a frente, da página 1 à página 395, e para trás, da página 395 à página 1, a procura incessante, à lupa, obstinada, não tira da acusação do processo dos emails nada de concreto, só considerações vagas e deduções sem matéria factual ou probatória que as suporte. Que remédio teve o doutor Varandas senão admitir que a acusação do MP é uma mão cheia de nada: “Acredito pouco que o Benfica possa ser suspenso.” Todavia, enquanto ai-jesus da ética - que ele não faz a coisa por menos -, o presidente do único clube do mundo que atribui títulos de campeão a si próprio julga que pode também fazer justiça por mãos próprias, declarando, como se de uma sentença transitada em julgado se tratasse: “É inegável que a mancha está lá.” Sendo beneficiário de descomunais e imorais perdões bancários, fingindo que outras manchas oriundas de facadas dadas na ética e na lei não existem, como se fossemos, todos nós, desprovidos de memória e ele tivesse um condão de juiz amnistiador de malfeitorias próprias, não é o tiro certeiro na contratação de Rúben Amorim que o habilita a decidir que no futebol português há dois maus e um bom. O bom? O clube dele, obviamente!