GINGA NA QUADRA - Uma opinião de Marcos Antunes, selecionador de futsal de Angola
Corpo do artigo
Sou de São Martinho de Mouros, concelho de Resende e um orgulhoso português. Nos últimos três anos, a minha vivência desportiva levou-me até Angola, país ao qual me tenho afeiçoado cada vez mais através do futsal. O talento dos nossos jogadores e a forma como ultrapassamos dificuldades diariamente trouxe-nos até Tashkent, onde preparamos com todo o cuidado a participação no Mundial. Será o meu segundo Campeonato do Mundo, já que também tive oportunidade de estar na Lituânia, em 2021, enquanto team manager desta mesma equipa.
Acredito que será o Mundial das surpresas, onde equipas menos valorizadas mostrarão que o nível subiu imenso
Desta vez será uma prova muito diferente, pois sou o selecionador nacional de Angola. É um orgulho enorme, até porque estamos a falar do país onde nasceram os meus pais e de um local que, como escrevi no meu livro “O Futsal Universal”, “angolaniza” quem está em contacto com as suas gentes. É uma forma muito particular de ver o mundo - diferente, alegre, viva, colorida. Os meus jogadores também são assim e eu quero que continuem a ser. É um orgulho ver a forma como o futsal angolano tem crescido muito, sendo que essa evolução factual ficou comprovada na Taça das Nações Africanas deste ano, onde conseguimos ser vice-campeões com o orçamento mais curto de todas as seleções em competição.
O Mundial está prestes a começar e a competição já mexe connosco. O Grupo C, onde estamos inseridos, tem um Afeganistão estreante e muito rodado, uma Ucrânia que dispensa apresentações pelo seu historial, e a vice-campeã mundial Argentina, sempre aguerrida e certamente um dos melhores conjuntos do torneio. Estaremos preparados para disputar cada jogo, olho por olho e dente por dente. Teremos de ser muito competentes e sobretudo surpreendentes para concretizarmos o nosso objetivo de passar à fase a eliminar, pois fugimos ao estereótipo comum das equipas ditas de topo.
Trazemos a ginga, a rua e a coragem para dentro do campo com uma equipa jovem e extremamente irreverente. Numa análise mais genérica, tenho de escrever que não sou hipócrita e olho naturalmente para Portugal de uma forma especial. É uma equipa que dispensa qualquer apresentação, que tem um extraordinário “timoneiro” e vai tentar defender o título através das suas qualidades - organização, talento e, sobretudo, um destino de vitórias e de títulos. Acredito também que será o Mundial das surpresas, onde equipas menos valorizadas mostrarão que o nível subiu imenso em qualidade, variabilidade do jogo e, sobretudo, no conhecimento do mesmo. O meu desejo é que Angola esteja neste lote. Eu acredito!