Treinador-adepto, Moreno não resistiu à desilução da eliminação europeia e despediu-se do Vitória, tendo agora oportunidade de provar se será feliz depois de cortar o cordão umbilical.
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Ainda há jogos por disputar na primeira jornada da Liga, mas o marcador das "chicotadas psicológicas" já funcionou. Por iniciativa própria, Moreno, agora ex-treinador do Vitória de Guimarães, comunicou ontem a decisão de deixar o cargo, tomada logo após a eliminação europeia, na passada quinta-feira.
É uma pena, porque, atendendo às dificuldades do clube, nem a mancha da UEFA retira brilho ao que fez. Moreno foi, durante o último ano, o grande rosto do Vitória e a bandeira estava bem entregue, erguida por alguém que chegou ao clube no início dos anos 1990. A desilusão pelo afastamento da Liga Conferência, em fase tão prematura, cortou o cordão umbilical desta relação tão longa, porque Moreno é todo Vitória, por dentro e por fora, sente como ninguém.
A nova etapa da ainda curta carreira como treinador principal permitirá perceber até onde poderá chegar, agora, literalmente, longe do berço.
A imagem do treinador-adepto também se aplica a Sérgio Conceição. Num contexto diferente, a lutar por títulos, vai resistindo a tudo, ao ponto de ser já o treinador com mais épocas seguidas no comando do FC Porto. Estivesse Moreno numa fase mais avançada da carreira e talvez não tivesse quebrado à primeira grande desilusão.
Mas não tenho dúvidas de que os treinadores, quando trabalham nos clubes do coração, sofrem a dobrar, o que, provavelmente, ajudará a explicar algumas reações menos temperadas de Moreno e de Sérgio Conceição, sobretudo quando se sentem injustiçados. O amor tem destas coisas. Por vezes, tira-nos do sério.