Não é certo que Rodrigo Mora vá marcar uma era, como garante Martínez, mas é certo que já começou a marcar a diferença. A partir de agora deixou de ser apenas e só o miúdo talentoso do Dragão
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Até ontem, Rodrigo Mora era apenas o miúdo prodigioso que jogava bonito e deixava os adeptos do FC Porto com aquele ar meio encantado, meio orgulhoso, típico de quem sabe que tem ali uma joia diante dos olhos. Até ontem ninguém lhe tinha colocado uma estrela na lapela com tamanha convicção. Até ao anúncio da convocatória para a Seleção Nacional ninguém tinha conseguido juntar tão bem factos e palavras para descrever o prodígio de 18 anos.
Roberto Martínez fê-lo em dose dupla: primeiro, ao convocar o jovem médio do FC Porto para a final four da Liga das Nações; depois, já fora do papel de selecionador nacional, ao falar de Mora com aquele brilho nos olhos típico de quem está mesmo a ver que ali vai nascer uma estrela. “Sorrio quando falo do Rodrigo Mora porque acho que vai marcar uma era no futebol português”, disse.
Não sabemos se Mora vai mesmo marcar uma era. Afinal, o futebol, como se sabe, é especialista em transformar certezas absolutas em grandes lições de humildade. Sabe-se disso olhando à lista de convocados, aliás. Mas há algo que não se discute: a chamada à Seleção é merecida. Porque se Mora só este mês passou a ter idade para conduzir um carro, já há muito que revelou talento para liderar o FC Porto, marcando golos espantosos e dando espetáculo sem pedir licença. Descendo à terra, o que os adeptos do futebol português esperam agora é que Mora possa ter o que não foi dado a Quenda: a oportunidade de mostrar de quinas ao peito o que o levou a fazer parte da convocatória.