DE CABEÇA - Um artigo de opinião de Vítor Santos.
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A excitante Seleção de sub-19 joga hoje, em Malta, com a Itália, pelo título europeu do escalão, depois de ter feito um percurso impecável até à grande decisão.
Quando uma seleção nacional entra em campo, ninguém pensa noutra coisa a não ser numa vitória, um privilégio que poucas nações conseguem ter.
Portugal é presença habitual em finais e meias-finais de grandes competições internacionais de futebol, mas, pelo que se viu ao longo do Europeu, há qualquer coisa de especial nesta Seleção, que pode residir na recuperação de uma ideia de jogo que confere, dentro de uma abordagem tática madura, liberdade para usar, sem hesitação, a criatividade individual como meio para causar desequilíbrios.
O resultado do trabalho realizado pelos clubes e pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF) na formação é o abono de família do futebol português. O nosso país tem técnicos de excelência e centros de formação do melhor que há a nível global - Seixal, Braga e Alcochete são bons exemplos - e o talento natural faz o resto, emergindo como fator diferenciador, está bom de ver.
Federações e gigantes do futebol bem mais endinheirados também possuem infraestruturas excecionais e facilmente contratam os técnicos que querem. Falta-lhes, claro está, a técnica inata do praticante português, que resultará de uma série de fatores. Acredito que acima de todos estará o clima, que permite aos jovens praticar desporto ao ar livre todo o ano, em qualquer parque ou nos recreios das escolas, porque na rua já começa a ser impossível. É bem verdade que sempre foi assim, pelo que uma coisa e outra são decisivas: ter jeito não chega, o talento, para alcançar patamares de exceção, precisa de ser bem trabalhado.
Com organização e competência, os resultados aparecem. Mas é necessário que, como Joaquim Milheiro, os treinadores percebam que, dentro do campo, os criativos precisam de ter margem para errar. Acredito que assim estaremos sempre mais perto de obter grandes vitórias. A tática e a estratégia são fundamentais, desde que não conduzam a um futebol robotizado. A imprevisibilidade ainda é a melhor arma, porque organização todos podem ter. Castrar o que de melhor têm os jogadores portugueses é um erro. Por isso, independentemente do que acontecer esta tarde diante da Itália, parabéns, Joaquim Milheiro.