A crítica perdeu-se no ódio online, e o debate de opiniões cedeu lugar à violência gratuita. Não há pisadela em campo que justifique agressões fora dele. Mesmo
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Ameaça, injúria, difamação, assédio, intimidação online. Escolha a designação preferida, que a conclusão será sempre a mesma: é inadmissível e inaceitável a agressão de que Matheus Reis e a família estão a ser alvo nas redes sociais. A pisadela na cabeça de Belotti e o que se ouviu depois, na festa pela dobradinha – a exaltação do sucedido dentro de campo –, são manifestamente insuficientes para garantir o direito de insultar e ameaçar. São apenas expressão de estupidez humana, que a lei pune. Este não é mais o tempo de romantizar a designação de “guerreiros do teclado” ou de achar que só insultam nas caixas de comentários porque na rua levariam um “chapadão”. A decisão da família de Matheus Reis de avançar para a via judicial é, por isso, um remate de primeira e bem colocado. E, já agora, o que Matheus Reis fez ou possa ter feito, disse ou possa ter dito, nem sequer vem ao caso. Nada justifica o ódio. Nada normaliza a violência.
Mudando de cenário. Não cabendo aqui o esmiuçar da razão que levou a juíza a manter Fernando Madureira em prisão preventiva, é natural que se vá tornando cada vez mais difícil de compreender que o antigo líder dos Super Dragões não tenha visto o desagravamento da medida de coação. O tempo da justiça pode não coincidir com o da opinião pública, mas ao ignorá-lo permite que a dúvida se instale. E quando essa dúvida cresce, mina-se a confiança no sistema, alimenta-se a ideia de uma justiça seletiva e prolonga-se uma narrativa perigosa.