O empate do Benfica e a vitória da Seleção feminina foram conseguidos em latitudes muito diferentes, mas tocam, em dimensões distintas, pontos de igualdade indispensáveis no desporto.
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1 - Poucos arriscariam, no passado dia 25 de agosto, vaticinar que cumpridas quatro jornadas na fase de grupos da Liga dos Campeões o Benfica estaria na frente, com o apuramento à mão e sem derrotas, depois de disputar as duas partidas com o PSG. O sorteio, que adicionou a Juventus ao campeão francês, não foi amigo das águias, mas as previsíveis dificuldades foram transformadas numa oportunidade de mostrar na Europa aquilo que depressa se percebeu nas competições internas.
Este "primeiro" Benfica com marca 100% Rui Costa é uma equipa competente e corajosa, mesmo quando bate de frente com um PSG que agrupa três das maiores estrelas da atualidade, Neymar, Messi e Mbappé. O balanço dos dois duelos confirma que, mesmo defrontando poços de petróleo, é possível, manter a essência do futebol, um jogo com uma bola e onze homens de cada lado, todos de bolsos vazios.
2 -Os rankings de seleções, altura, jogos e outros tão amados por especialistas em estatística, também não tiveram qualquer interferência em Paços de Ferreira. A Seleção feminina foi capaz de se superiorizar à Islândia, dando mais um passo na incrível epopeia que poderá conduzir Portugal ao Campeonato do Mundo.
Só falta o último degrau, mas independentemente do que acontecer, o trajeto merecerá todo o crédito. O trabalho desenvolvido pela Federação Portuguesa de Futebol está bem à vista, emergindo como um bom exemplo de libertação e afirmação das mulheres. O desporto deve ser, sobretudo, isto: um imenso campo com espaço para a igualdade.