Opinião do jornalista Carlos Flórido
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Portugal obteve o melhor resultado de sempre nos Jogos, mas deve sair de Paris com alguma preocupação. O panorama desportivo nacional continua o mesmo de sempre e o bom resultado deveu-se ao desempenho excecional do ciclismo de pista, uma disciplina emocionante - como o país descobriu -, mas tendo uma distância curta entre a vitória e a derrota. Temos dos melhores “pistards” do mundo, como Leitão e os gémeos Oliveira, mas não há sequer uma equipa completa e será irrealista exigir a repetição de ouro e prata. Se retirarmos o ciclismo fica a já habitual medalha do judo, equipa que perderá em breve metade dos seus valores, e a de um Pichardo que dificilmente irá a Los Angeles’28, mesmo que mude de ideias e salte mais uns anos.
Sendo ele a bandeira de um atletismo onde não se descortinam, para os próximos anos, talentos capazes de liderar no patamar mundial, esta é a modalidade que mais preocupa, pois podem terminar os pódios do abono de família histórico.
E esta análise estende-se à canoagem, que tem Fernando Pimenta na curva descendente, embora com uma diferença: mesmo tendo menos recursos, há uma federação que pensa no futuro e tem Messias Baptista e Kevin Santos a crescer.
Resta a desilusão de Paris’24, a natação, que fez um ciclo olímpico brilhante e na hora da verdade voltou à mediania de sempre, e aquela esperança que entra em todos os balanços.
Será desta que o poder político acorda e fornece as condições que os atletas pedem? Luís Montenegro provou ser um entusiasta na visita que fez aos olímpicos, esperemos que não os esqueça quando regressar ao seu gabinete.