Enquanto se debate o futuro de Anselmi no FC Porto, do outro lado da cidade morre, em silêncio, um campeão nacional. O Boavista afunda-se na indiferença geral, como se o seu desaparecimento fosse inevitável. E talvez sempre tenha sido.
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Ainda que, para a maioria, possa parecer uma espécie de fim do mundo, uma desgraça nunca vista, a verdade é que, no Porto, há uma crise bem maior do que o futuro de Martín Anselmi no FC Porto. Basta atravessar a cidade, fintar o trânsito caótico da VCI e dar de caras com um presente que não está a dar qualquer futuro a este Boavista. O que aconteceu ao Boavistão? A pergunta repete-se, enquanto a cidade assiste à morte acelerada do seu segundo maior clube, campeão nacional, vencedor de Taças de Portugal. Apesar da tragédia, quase ninguém parece importar-se com o desaparecimento – por quanto tempo, logo se verá – do Boavista. É pior ainda: ninguém parece surpreendido, porque não era preciso estar muito bem informado para prever este desfecho. Não ter acontecido antes é, porventura, a única surpresa. Que as “forças vivas” não queiram saber desta pronúncia de morte é grave. E triste.
Por entre os que falaram, desde a notícia adiantada anteontem por O JOGO, há uma que merece algum destaque. João Alves conhece o Boavista, reconhece o futebol português e, talvez por “andar por cá há muitos anos”, sabe que o clube da pantera não é caso único. Há outros clubes feridos, artificialmente mantidos vivos por investidores cujas intenções nem sempre serão as melhores. Haverá, na cidade do Porto, quem tenha vontade e força para ressuscitar um Boavista condenado a um anonimato que o seu palmarés deveria ter evitado? O Bordéus, clube que também contou com o investimento de Gérard Lopez, continua na quarta divisão francesa…