Guerreiros na luta sem jogos de guerra

Se há coisa que o Sporting de Braga conseguiu em 2022/23, e a época ainda não terminou, é desconstruir o dogma de que para lutar pelo título é necessário os três crónicos candidatos, FC Porto, Benfica e Sporting, distraírem-se.

As equipas tiveram altos e baixos, a certa altura as águias pareciam caminhar para uma conquista relativamente tranquila, mas a grande nota é que aos guerreiros bastou olhar mais para dentro do que para fora, fortalecer o plantel em dezembro e afirmar superioridade sobre os adversários que foram surgindo. A realidade é que, excluindo o Sporting, que parece funcionar como uma espécie de "kriptonite" para a equipa de Artur Jorge, em campo os minhotos não foram inferiores a ninguém, superiorizando-se a quase todos os opositores, com destaque para o duelo com o Benfica e batendo-se de igual para igual na recente receção ao FC Porto.

O melhor de tudo isto é que o clube liderado por António Salvador consegue chegar a esta fase da Liga dentro da luta pelo título sem recorrer aos tradicionais jogos de guerra que marcam o futebol português. Os guerreiros lutam em campo e não precisam, até porque não a têm, de caminhar toda a semana à boleia da gigante bolha mediática que se desdobra em explicações e discussões - umas vezes ridículas, outras indecorosas e escassas vezes interessantes -, para justificar os êxitos e os insucessos dos três habituais candidatos.

No próximo fim-de-semana, os arsenalistas visitam o Estádio da Luz, num duelo crucial para as contas do campeonato, a quatro jornadas do fim. Seja qual for o resultado, o Sporting de Braga sairá sempre em situação de merecer um grande aplauso, porque tem presença marcada na final da Taça de Portugal e uma porta aberta para discutir até ao fim uma vaga direta ou de apuramento para a Liga dos Campeões, além da questão do título, que em caso de vitória na Luz estará ali mesmo à distância de um pequeno deslize de Benfica e FC Porto. Ou seja, o trajeto será sempre muito positivo e com uma nota de urbanidade pouco habitual no futebol português, porque se há coisa que vimos ao longo da temporada no clube foi respeito pelo trabalho dos adversários e dos árbitros.