PASSE DE LETRA - Opinião de Miguel Pedro
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O dérbi do Minho “é um dos jogos mais emotivos do campeonato para os adeptos bracarenses”, afirmava eu, tentando convencer uma plateia de cinco adolescentes, dos quais três eram adeptos fervorosos do SC Braga. Não percebiam bem o que eu afirmava, não obstante o recurso a argumentos históricos e a narrativas na primeira pessoa de situações que eu próprio vivi na minha adolescência, nos jogos contra o nosso rival geográfico. Percebi que, para estes jovens, cuja experiência como adepto bracarense não terá mais do que dez anos, os jogos que verdadeiramente emocionam são contra o Porto, Sporting ou Benfica, pois o Braga dos últimos anos tem sido (quase) sempre um intruso na luta pelo título.
Além disso, os mais novos são, hoje em dia, adeptos “globais”, admiradores e seguidores de grandes clubes europeus, não compreendendo muito bem a lógica geográfica da rivalidade, que se lhes afigura um resquício de um tempo (e de um futebol) há muito tempo desaparecido. Tenho a certeza de que, ao crescerem, irão perceber e interiorizar que, afinal, a rivalidade geográfica contém em si muito daquilo que faz crescer o adepto, alimentando a sua ligação ao seu clube. Foi assim comigo e será assim com eles.