Conceição queixou-se da excessiva proteção aos árbitros. Tudo o que se fizer no sentido de conhecer melhor as decisões é positivo. Mas a arbitragem está longe de ser o único setor do futebol fechado a sete chaves.
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Éuma pena que no dérbi de hoje na Invicta, entre Boavista e FC Porto, uma das equipas não tenha o seu treinador no banco.
Seria melhor com Petit e Conceição, dois históricos dos emblemas portuenses, campeões como jogadores e duas décadas depois figuras no comando a partir do banco.
O treinador dos dragões foi expulso na Taça de Portugal, em Mafra, uma decisão de Hélder Malheiro que pareceu francamente exagerada, e depressa chegou o castigo, por um jogo.
Ainda antes de ser conhecida a suspensão, Sérgio Conceição lamentou a excessiva proteção dada aos árbitros. Desde logo, soberanos pelos relatórios que levam à punição, sem contraditório. E indicou que até já tinha sido punido por palavras que não disse. Está longe de ser o primeiro treinador a fazer este tipo de acusações. O árbitro é a autoridade em campo, pelo que terá sempre de decidir, punir e fazer os relatórios, onde justifica as decisões. Não há como não ser assim. Mas é possível tornar o processo mais claro. Sem nuvens, desde logo possibilitando o acesso rápido a relatórios e ao áudio das comunicações com o VAR. Tudo o que contribuir para eliminar focos de suspeição é bom para a arbitragem, para o futebol e para os adeptos.
Estas decisões no sentido da clarificação têm de ser forçadas pelos clubes. Se quiserem, será possível. E, ciclicamente, há presidentes que reforçam essa necessidade. Aproveitando o espírito, também é bom que os clubes percebam que a arbitragem não é o único setor do futebol fechado a sete chaves. A transparência nestas questões é tão importante como a abertura no sentido da promoção do desporto, disponibilizando jogadores para conversar com a Comunicação Social, por exemplo, abrindo "as portas do balneário", que estão ainda mais blindadas do que o setor da arbitragem.