Boa parte dos jogos do campeonato começa a horas nada sedutoras para uma família se deslocar ao estádio. No inverno, talvez até sirva para afastar os espectadores.
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O futebol é uma modalidade cada vez mais apreciada, como atestam as audiências televisivas durante o Campeonato do Mundo, que bateram recordes. E nem é necessário ir tão longe. Sempre em sinal aberto, os jogos de Seleção Nacional mobilizam audiências apetecíveis e o mesmo se aplica aos do campeonato, transmitidos em canal por subscrição. Esta realidade faz dos direitos televisivos uma das mais importantes fontes de financiamento dos clubes profissionais um pouco por todo o Mundo. Mas não vale tudo.
A Liga Portugal revelou ontem o agendamento das partidas de duas jornadas do campeonato principal, constatando-se que quase metade dos 18 jogos serão disputados a partir das 20.30 horas. Este tipo de alinhamento, situação que se repete época após época, colide com a ambição, anunciada pelo presidente do organismo, Pedro Proença, de fazer com que as famílias regressem ao futebol. Estamos a falar de jornadas disputadas de 20 de janeiro a 1 de fevereiro, em pleno inverno, pelo que nem todos os pais estarão na disposição de tirar os filhos de casa à noite, seja pelo previsível frio desta época do ano, ou simplesmente porque a hora não é própria para as crianças estarem acordadas.
Acresce que boa parte destes encontros tem os maiores clubes entre os protagonistas, pelo que, no limite, também é possível afirmar que os horários, em vez de gerarem enchentes nos estádios, contribuem para deixá-los às moscas. Se atentarmos na hora a que se joga a maior liga do Mundo (simultaneamente a que mais receitas de televisão gera), no Reino Unido, podemos tirar uma de duas conclusões: ou somos uns génios e fazemos diferente porque descobrimos a pólvora, ou estamos simplesmente a afastar adeptos do estádio, sendo as responsabilidades repartidas entre Liga Portugal, clubes que a compõe e operador televisivo.