A situação é diferente, bem sei, mas passados seis anos é possível concluir que as demissões de titulares de cargos públicos no "Galpgate" nem para refletir serviram.
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O Parlamento aprova hoje a visita de Marcelo Rebelo de Sousa ao Catar, onde se deslocará para assistir, depois de amanhã, à estreia de Portugal no Campeonato do Mundo. A formalidade da viagem, torna oficial, enquanto Estado, a presença do país no evento, o que está longe de ser indispensável. Seria até recomendável que não estivesse.
Os regimes absolutistas, como a monarquia do Catar, não se candidatam à organização de grandes torneios desportivos por acaso. Fazem-no para recolher um reconhecimento internacional que não obtêm naturalmente devido à falta de respeito pelos direitos básicos dos cidadãos.
Portugal está representado no Mundial pela Seleção Nacional e isso devia bastar, porque a forma como foi atribuída a realização do torneio ao emirado também merece reparos. É tudo isso que, com a presença de Marcelo Rebelo de Sousa no jogo, o nosso país está a aprovar.
Torna-se ainda claro que, para os responsáveis políticos, futebol e desporto são coisas distintas. Que me recorde, nunca um Presidente da República se deslocou ao estrangeiro para assistir a um jogo de outra modalidade. Quando se trata de futebol, acotovelam-se.
No passado, as viagens de membros do Governo para ver partidas das Quinas no Euro"2016, oferecidas pela Galp, até demissões no Executivo de António Costa provocaram. Desta vez, não é isso que está em causa, mas passados seis anos parece que nem essa vergonha se traduziu numa oportunidade para refletir sobre a utilidade de ter representantes do país na bancada.