Os níveis de confiança do Sporting estão como os termómetros do Ártico: abaixo de zero. A ira dos sócios dirige-se a Varandas, mas se o rumo não mudar, é inevitável chegar a vez de Amorim.
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Quando Rúben Amorim classificou a equipa que dirige como "um bocadinho bipolar" falava com óbvio conhecimento de causa.
Os dois últimos jogos dão razão ao treinador. Depois de uma atuação aceitável contra o campeão nacional, apesar do resultado negativo, o Sporting apresentou-se nos antípodas do que fizera no domingo, caindo para níveis inaceitáveis na eliminatória da Liga Europa com o Midtjylland.
Salvou-se o resultado, graças ao empate salvador de Coates sobre linha de meta, já os dinamarqueses esfregavam as mãos.
A cada insucesso, Rúben Amorim insiste que continuará, como se impõe, a preparar o futuro, a alternativa é deixar de ser parte da solução. Publicamente, sempre garantiu que só estará em Alvalade enquanto Frederico Varandas assim entender, sublinhando não querer um cêntimo se for obrigado abandonar o clube. O discurso repete-se e a produção da equipa também, inconsistente e com níveis de confiança abaixo de zero.
Chegados a este ponto, mesmo sem hipotecar o futuro na Liga Europa, impõe-se perceber o que pode fazer. Com os jogadores que tem, depois de perder, antes do fecho das duas janelas de mercado, os dois melhores jogadores - primeiro Matheus Nunes e, agora, Pedro Porro - a missão será sempre de risco. Agravada pelo ambiente em Alvalade, de que ontem se queixou, embora escape, por agora, às críticas da bancada, invariavelmente direcionadas a Varandas.
Como reagirá Rúben Amorim no dia em que passar a ser olhado pelos sócios como um dos polos do problema? Se o Sporting não reagir rapidamente, em breve teremos resposta, porque a tribo do futebol costuma ser implacável e tem memória curta.