Ao garantir que o melhor está para vir no trajeto da Seleção, Fernando Santos não aumentou a pressão, apenas a redirecionou, porque tem vitórias e confiança para o fazer.
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Da teoria à prática vai uma distância longa, mas sempre ouvi dizer que "quem não deve, não teme". Fernando Santos tem crédito seguro no comando da Seleção, fez o que ninguém tinha feito, ao conduzir Portugal ao título europeu e à conquista da Liga das Nações, e vê no horizonte próximo outra oportunidade.
Santos é um homem de fé, mas, sobretudo, um homem corajoso. Não disse que vamos ganhar o Mundial, mas foi assertivo ao ponto de ninguém pensar noutra coisa, depois daquela frase.
Podia refugiar-se no óbvio "vamos jogo a jogo" (é impossível avançar de outra forma), mas não, sublinhou, após o embate na Chéquia, que "o melhor está para vir", calendarizando a profecia: ainda neste ano.
Os portugueses habituaram-se a acreditar no treinador. E os jogadores também. Ninguém esquece o Europeu de França. O selecionador partiu com a certeza que ficaria até ao fim, durante o torneio partilhou a ideia com os jogadores, mais tarde com os portugueses e o aparentemente impossível aconteceu.
Santos é um homem de fé, mas, sobretudo, um homem corajoso. Não disse que vamos ganhar o Mundial, mas foi assertivo ao ponto de ninguém pensar noutra coisa, depois daquela frase. O que surpreende no engenheiro é a forma desassombrada como partilha uma convicção. Nem parece um homem do futebol.
Estamos habituados aos caldos de galinha dos técnicos na hora de assumir objetivos que estão à mão de semear. O argumento é sempre o mesmo: retirar a pressão. Mas, bem vistas as coisas, a pressão no futebol só existe se a tornarmos relevante. Como disse um dia Sérgio Conceição, "pressão é ter dificuldade para arranjar comida". Santos, com aquela frase de sábado, apenas redirecionou as objetivas dos críticos. Se não correr bem, a culpa é dele. E crédito não lhe falta.
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