No Bessa e em Alvalade soltaram-se foguetes que ameaçavam passar do prazo - panteras e leões não venciam há muito para os respetivos objetivos
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Um ano menos uma semana; um mês mais um dia. Eram estes os períodos de tempo que Boavista, último classificado, e Sporting, primeiro, levavam sem vencer, respetivamente, em casa e nesta liga. Festejos há muito desejados e aguardados com ansiedade, apesar das diferentes ordens de grandeza dos referidos espaços temporais. E, embora objetivamente, um ano seja bem mais do que um mês, torna-se difícil dizer qual a angústia mais intensa - se a de quem coabita com a crise e sofre à míngua de vitórias que ajudem a endireitar-se; se a de quem luta palmo a palmo, milímetro a milímetro, ponto a ponto pelo título. A cada um a sua cruz, sendo que nesta 24.ª jornada, panteras e leões puseram a deles de lado e puderam trocar os lamentos pela folia neste Carnaval.
No Bessa, após oito derrotas consecutivas, a equipa-sensação do campeonato caiu aos pés, ou melhor, à cabeçada de um dos reforços de janeiro dos boavisteiros, Lystsov. No xadrez continua a viver-se de cinto apertado, mas há uma luz de esperança que se acendeu, pois play-off e linha de água estão agora a sete pontos. O próximo jogo é o clássico com o V. Guimarães, também em casa, e quem sabe se assista à enésima repetição de ser nas dificuldades que se vê o melhor de cada um...
No extremo oposto da tabela, o melhor do líder - um pouco menos acossado porque o Benfica adiou a deslocação ao Gil Vicente para preparar a Champions - voltou a ver-se: Gyokeres bisou, chegou aos 46 golos em 45 jogos esta temporada (25 em 23 na I Liga) e deu razão ao treinador Rui Borges, que o dera como pronto para ir à luta. Não só foi como abateu um Estoril, que vinha sendo a melhor equipa neste 2025, a par do Braga. Que também perdeu, no campo do Rio Ave, numa jornada aziaga para equipas-sensação e outras que tais. Os minhotos deixaram, ainda, fugir o FC Porto com quem dividiam o lugar mais baixo do pódio, depois de os dragões terem saído incólumes das curvas e contracurvas que é o caminho até Arouca e os confrontos com a equipa de Vasco Seabra, que tem um conjunto de jogadores competentes e, sobretudo, conhecedores e bons intérpretes do jogo. Os lobos da serra vinham numa série de oito partidas a pontuar, não sabendo o que era perder desde 20 de dezembro, mas a estreia de Samu a faturar de penálti e a arte de Fábio Vieira fizeram pender o destino dos três pontos para o lado portista, apesar da contrariedade de terem perdido Rodrigo Mora, lesionado, no aquecimento. Foi a vitória mais folgada com Martín Anselmi ao comando e, pela segunda ronda seguida, sem sofrer golos. Aliás, os azuis e brancos discutem com o Benfica o estatuto de defesa menos batida, como se sabe, uma espécie de código postal (meio caminho andado) para se vencerem campeonatos. No sábado, o sistema e a maturidade dos comandados de Anselmi irão a novo exame, na Pedreira. Já se perceberá se existe uma tendência no desempenho portista.