Não conquistámos a taça na Oceânia, mas esta histórica participação da Seleção Nacional feminina no Mundial será o catalisador de vitórias bem mais importantes.
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O impacto da participação da Seleção Nacional feminina no Mundial será sentido durante décadas. Ficará na história, como ficaram, na perspetiva portuguesa, o Mundial de 1966 e o Europeu de 2016. Só que o efeito positivo em termos da evolução do jogo praticado por mulheres em Portugal será muito superior ao produzido pelos feitos no setor masculino.
"E depois do adeus" é um tema cantado por Paulo de Carvalho e imortalizado como senha para colocar em marcha a Revolução dos Cravos. Como em 1974, este "e depois do adeus ao Mundial" resultará numa espécie de revolução. À sua maneira- e é, de certa forma, triste perceberemos isto no séc. XXI -, o momento é de libertação.
O trajeto desta Seleção teve o mérito de despertar um país, e não aconteceu assim por os jogos serem transmitidos a horas impróprias para dorminhocos. Tudo foi conquistado com brilho e inteligência, dentro e fora do campo. Na relva, através de uma participação muito positiva, contra as expectativas de muitos; antes e depois dos jogos, com a disponibilidade e o discurso livre das jogadoras, que, ao contrário dos companheiros da variante masculina, não falam com os censores a picar-lhes na língua.
Tenho poucas dúvidas de que o trajeto desta Seleção é o maior impulso que o futebol praticado por mulheres poderia conhecer em Portugal, com reflexos futuros no número de praticantes e na atenção dispensada pelo público e pela Comunicação Social. Não trouxemos a taça da Oceânia, mas esta vitória será o catalisador de outras bem mais importantes. Por isso, não chores, Jéssica. Parabéns. E viva a revolução!