Viver no olho do furacão é difícil? É. Só que depois de nos habituarmos não passamos sem a agitação. O reposicionamento pode ser complicado, mas para quem passou por tanto, como Cristiano Ronaldo, não há impossíveis.
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Sérgio Conceição abordou, com boa disposição pelo meio, a falta que faz a competição e o que daí advém, aquela sensação borbulhante de estar bem no meio do vulcão da atualidade. A jogar de 15 em 15 dias, à espera de uma partida da Taça da Liga, é normal sentir falta de qualquer coisa, os índices de concentração caem e, logo a seguir, chegam as saudades, até das dificuldades.
Ronaldo justificou ser o alvo de todas as atenções, com atuações exuberantes e resultados tão bons que tornavam invisíveis todos os que em seu redor também contribuíam para eles. Não creio, apesar desta perda de protagonismo em campo, que Ronaldo esteja acabado
Para quem passa anos a fio em stresse competitivo, do bom, porque há problemas bem mais importantes para resolver em todas as vidas, torna-se difícil enfrentar os dias menos agitados, sem as angústias, as vitórias e toda aquela compensação mental que só o desporto oferece, o melhor calmante, por paradoxal que pareça.
Bem vistas as coisas, se calhar é um pouco disto que Cristiano Ronaldo sente falta. Aquele que é, provavelmente, o mais importante futebolista de todos os tempos está a perder protagonismo no campo, sendo que esta descida ao mundo dos mortais não está a ser acompanhada pelo esquecimento mediático.
O madeirense continua a ser uma figura, mas por motivos que estão longe de ser aqueles que o empurraram para a fama. CR7 é uma marca global, conquistada à custa de muito trabalho, talento e um aproveitamento máximo daquela mecânica invisível que de uma hora para a outra pode transformar um desconhecido num ídolo pop.
Com ele, não foi assim. Ronaldo justificou ser o alvo de todas as atenções, com atuações exuberantes e resultados tão bons que tornavam invisíveis todos os que em seu redor também contribuíam para eles. Não creio, apesar desta perda de protagonismo em campo, que Ronaldo esteja acabado. Continua capaz.
Falta-lhe apenas conseguir reposicionar-se para voltar a ser decisivo, descer à terra sem cair a pique, em campo, fora dele, onde for mais necessário. De quem conseguiu tanto, espera-se sempre que consiga mais um bocadinho, ainda essa pequena parte, na ponta final da carreira, possa ser a mais difícil.
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