Derrota em Famalicão foi mais do que o triste fim matemático ao título
A JOGAR FORA - Um artigo de opinião de Jaime Cancella de Abreu
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1Quando Rui Costa apresentou as listas para as eleições de 2021, escrevi aqui, neste espaço semanal, que, mais do que uma desilusão, aquelas listas eram uma oportunidade perdida. Uma oportunidade perdida para fechar de vez um ciclo, renovar e reinventar o clube e a SAD, traçar novas e ambiciosas metas e objetivos. Infelizmente, o tempo mostrou que as mesmas pessoas - e não me refiro só à Direção - nos conduziram à mesma incapacidade de ganhar a seguir a ganhar.
2 A derrota em Famalicão foi mais do que o triste fim matemático ao título: foi a inútil confirmação dos pontos fracos que a equipa apresentou na maioria dos jogos desta época. Nenhuma equipa está obrigada a ganhar sempre - nem o Benfica, que é o maior -, mas qualquer equipa que se preze está obrigada a vender cara a derrota, a deixar a pele em campo, a mostrar raça, querer e ambição em todos os metros quadrados do campo. E quando não ganha está obrigada a aprender com as valiosas lições que só as derrotas de mão beijada lhe oferecem.
3 Ouvir Otamendi, capitão de equipa, voz autorizada e experiente, dizer o que disse na ‘flash’ de Famalicão foi a desnecessária validação das teses de todos os que andam doentes com a estratégia - estratégia? - de não comunicação do Benfica.
4 Dizer-se que o presidente aguarda pela reação dos adeptos no jogo de hoje para decidir o futuro do treinador só pode ser brincadeira de mau gosto à medida do Correio da Manhã, a menos que se queira - coisa que não me passa pela cabeça - provocar um ambiente tão hostil que leve Schmidt a atirar a toalha ao chão. Nada indicando que o alemão esteja para aí virado, tem a SAD que decidir se quer continuar com ele, e, nesse caso, assumir as suas responsabilidades e mostrar-lhe rápido e inequívoco apoio público.
5 A ‘absolvição’ do trio de jogadores do FC Porto que, no Estoril, se dirigiu nos termos que todo o país viu ao árbitro António Nobre é bem o exemplo - mais um! - de como funcionam a arbitragem e a disciplina no nosso país: condicionadas até mais não. E é bem o exemplo de dois setores fundamentais que o Benfica não pode tratar como se funcionassem na maior das competências e das transparências.
6 Reconhecendo justiça ao título do Sporting, dá-me vontade de lhes perguntar: depois de pareceres de reputados historiadores em sentido contrário, de uma assembleia geral da FPF com votações ao arrepio das suas absurdas pretensões, não é hora de parar com a grotesca exibição dos 24 títulos de campeão? Não conseguem libertar-se do tetra da treta decretado em causa própria pelo grande líder Bruno num dos seus narcísicos momentos de descontrolado delírio?
7 A caminho do Jamor, onde se espera que concretize um histórico ‘pleno’ já no próximo domingo, a nossa equipa feminina de futebol juntou ontem um fantástico tetracampeonato à Supertaça, à Taça da Liga e ao inédito apuramento para os quartos da Champions. Quem se lembrou de as apelidar de ‘Inspiradoras’? Acertou em cheio!