Expulsar um treinador por pontapear a bola num ato de frustração é um exagero. Só o relatório poderá esclarecer a decisão de Hélder Malheiro, que atira Conceição para a bancada no próximo jogo.
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Ao contrário do que se possa pensar, o grande poder dos imperadores romanos não era mandar matar, era salvar um condenado da morte. Saber usar a autoridade é uma missão delicada, que requer conhecimento, coragem e bom-senso. Sem ter isto em conta, pode ser interpretada como autoritarismo, uma qualidade dispensável num líder.
Hélder Malheiro é árbitro, Sérgio Conceição treinador. Ambos tinham responsabilidades importantes no jogo de ontem. Foi um desafio tranquilo, para todos os intervenientes, até ao momento em que Conceição pontapeou a bola, aparentemente, em protesto por falta evidente sobre Grujic, que ficou por assinalar. Perante a ação do técnico, o árbitro tinha três opções: fazer de conta que não viu, sensibilizar o treinador através da palavra ou agir disciplinarmente. Se tivesse adotado a primeira, estaríamos perante um ato de covardia inadmissível, qualquer das outras opções seria aceitável. Hélder Malheiro optou pela terceira, é compreensível. Incompreensível, mesmo, parece ser o facto de não ter mostrado o cartão amarelo a Conceição, aplicando-lhe, à primeira, a pena máxima, após um ato de frustração.
Pouco antes, Hélder Malheiro podia ter usado o cartão amarelo para penalizar uma entrada ríspida, mas optou por não o fazer. Se calhar, até esteve bem, atendendo ao que foi a partida em termos disciplinares. O que levou o árbitro a decidir-se pela expulsão é um mistério que só relatório poderá desvendar, mas fica a sensação de que Conceição é penalizado por, noutros jogos, ter tido comportamento desadequado. Ora, isso é inaceitável. Fechar os olhos é mau, mas justiça cega é ainda pior.