Portugal voltou a mostrar por que é “um país sortudo”, no que se refere ao futebol: os Sub-17 conquistaram o título europeu, o terceiro da categoria, com talento, trabalho e superação.
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“Somos um país sortudo”, disse ontem Rúben Neves, a propósito da capacidade de Portugal gerar tantos e bons jogadores. A frase completa — “Portugal é um país pequeno, mas tem lançado imensos talentos, somos um país sortudo” — podia também ser o ponto de partida para tudo o que a Seleção Nacional de Sub-17 merece ler depois de ter conquistado o título europeu, o terceiro do escalão que vai para o museu da FPF.
Pedro Proença chama-lhe “Talento”. Certo, é talento. Mas é também o trabalho de quem, debaixo de um manto de anonimato que só esporadicamente desaparece, descobre um miúdo talentoso num torneio da Associação de Futebol de Bragança, Castelo Branco ou Beja. Na Madeira ou nos Açores. O talento é também do olheiro que viu naquele dono de pé esquerdo mágico qualidade para singrar em clubes onde não há campos pelados e balneários com janelas partidas. Ou chuveiros avariados.“Muito poucos acreditavam em nós”, disse Bernardo Lima, o capitão da seleção de Sub-17, minutos depois de se sagrar campeão da Europa. Uma frase que também podia ser usada sobre tantos jogadores que, em Portugal, ultrapassaram mais do que a distância ou a situação social, goleando as expectativas.
E já agora, em nota de rodapé, o mesmo futebol português que parece mergulhado num eterno caos – dia sim, dia não, num cenário mais otimista – foi ontem também capaz de vencer a superfavorita França sem Rodrigo Mora e Quenda. Sim, ambos ainda podiam jogar nos Sub-17.