Os envolvidos no processo "Cashball" foram todos absolvidos em tribunal, como tantas vezes acontece quando as acusações apontam a crimes de corrupção.
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Como quase sempre acontece quando o desporto está em causa, a Justiça pariu um rato, e desta vez nem um ratinho foi condenado, em mais um caso dirimido em tribunal, concretamente, o processo "Cashball". Os três acusados de envolvimento num esquema para favorecer o Sporting - ao tempo numa disputa direta com o FC Porto pelo título nacional de andebol - foram absolvidos por um coletivo de juízes, em Leiria.
Os agentes do desporto, quando chegam aos tribunais, confrontam-se com um problema bem mais abrangente, que certamente resultará de uma série de questões, mas tem origem na recorrente incapacidade de o Ministério Público ver as acusações traduzidas em condenações, sobretudo quando há crimes de corrupção na ementa.
Se pararmos um pouco para pensar no assunto, chegamos à conclusão que, das três uma, ou o Ministério Público não está a fazer bem o seu trabalho no que concerne à investigação e obtenção de prova; ou não tem meios para o fazer; ou está a acusar, recorrentemente, inocentes.
O que fica é perceção pública de que os prevaricadores passam impunes. No "Cashball", dá-se a particularidade de um dos acusados, o empresário Paulo Silva, ter confessado, durante a instrução, ter, alegadamente, aliciado vários jogadores para favorecerem o Sporting. Em julgamento, optou por não prestar declarações, e essa postura, segundo o acórdão final, contribuiu para a absolvição. Posto isto, suspeito que fica difícil para o cidadão comum, que desconhece as voltas e voltinhas - necessárias - da Lei, acreditar na Justiça.