A JOGAR FORA - Um artigo de opinião de Jaime Cancella de Abreu
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1Ontem, mais uma vitória, uma vitória justíssima sobre o Braga, a terceira vitória sobre os minhotos na época. Carimbámos o segundo lugar - agora o Leverkusen que faça o nosso trabalho e ganhe a Liga Europa! - e evitámos muita, muita da confusão que um resultado negativo inevitavelmente acarretaria. O Benfica vive sobre brasas, não só sobre as inadmissíveis brasas das tochas. O Benfica está dividido entre os que estão contra e a favor de Schmidt, isto passa seguramente para a equipa, não é bom, nada bom.
2 Não sou visionário, muito menos bruxo, pelo que aplaudi a renovação de Schmidt - o que não seria perder o treinador que tanto nos entusiasmava por causa de uma cláusula acessível a qualquer tubarão que, olhando à Champions que estávamos a fazer, o quisesse vir aqui resgatar? Os dedos de uma das mãos são suficientes para contar os benfiquistas que vi insurgirem-se contra essa - agora considerada inadmissível - decisão de Rui Costa.
3 Xavi sagrou-se campeão na primeira temporada completa ao serviço do Barcelona (2022-23), mas esta época perdeu tudo, só ainda não perdeu a liga, mas encontra-se à distância de 11 irrecuperáveis pontos do Real. O presidente Laporta comemorou o facto de Xavi ter dado o dito por não dito, aceitando permanecer à frente da equipa na próxima época - e justificou a sua alegria: “A continuidade do projeto é fundamental para ter êxito.” Enquanto isso, os adeptos do Bayern, apesar de Tuchel ter conduzido o clube ao primeiro não título em doze épocas, acabam de criar uma petição para que se mantenha como treinador em 2024-25. Veremos como se comportam as duas equipas na próxima época.
4 Rúben Amorim deu folga à equipa e meteu-se, na semana do clássico, com o título por carimbar, a caminho de Londres para tratar da sua vida futura. Foi caçado, obrigado a assumir o ato irrefletido, pediu as desculpas da ordem e há de ser vitoriado quando festejar no Marquês o próximo título de campeão. Já a Norte, a extemporânea renovação de Sérgio Conceição - que nem para a Champions conseguiu apurar a equipa - foi apresentada por Pinto da Costa como um ás de trunfo eleitoral de última hora. Ai se fosse connosco!
5 No final da fatídica época 2012-13, depois de três épocas sem vencer o campeonato, fiz parte dos 99,9 por cento de benfiquistas que clamava pela não renovação de Jorge Jesus. Ele ficou e ganhámos tudo em 2013-14. Depois, alcançou o bicampeonato em 2014-15, eu desejei que continuasse, Jesus foi para o Sporting e, com Rui Vitória ao comando, o Benfica continuou a ganhar. Lá está: não sou visionário, muito menos bruxo..
6 A menos que seja visionário ou bruxo, Rui Costa, antes de decidir a continuidade ou não de Schmidt em 2024-25, tem primeiro que assegurar que não voltamos a cometer os erros próprios que nos conduziram à frustrante época de 2023-24: gestão desportiva errática e despesista; expectativas não refreadas; treinador em roda livre; ausência completa de comunicação e Schmidt como rosto único do clube nas situações mais delicadas.