Benfica é quem mais pontos tem angariados para o ranking da UEFA a cinco anos
A JOGAR FORA - Opinião de Jaime Cancella de Abreu
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1 - Muito grato a Eriksson pela oportunidade que nos deu de lhe fazermos sentir que, neste ou no outro mundo, será sempre uma referência maior do Benfica e dos seus milhões de adeptos, de cuja memória jamais será apagado. Muito grato a quem dirige o Benfica pela forma como tudo foi minuciosamente preparado para que fossem proporcionados a Eriksson aqueles momentos únicos, verdadeiros suplementos de alma que muito o ajudarão nas duras batalhas que tem pela frente. All the best, Míster!
2 - Eriksson só não aterrou em Lisboa como um ilustre desconhecido porque acabara de vencer a Taça UEFA com o modesto Gotemburgo. Sem passado digno de nota como jogador, com idade imprópria para um treinador naqueles tempos, de imediato revolucionou o Benfica e o futebol português: nos métodos de treino inovadores, na tática arrojada de que não abria mão, na mentalidade muito avançada para a época, na liderança tranquila, na comunicação simples e direta. Ganhou tudo o que havia para ganhar, incluindo uma final da Taça ignominiosamente marcada para as Antas - sim, para as Antas contra os da casa! Só lhe faltou a cereja em cima do bolo: um merecido título europeu numa das duas finais para que apurou o Glorioso. E atingiu em vida o raríssimo estatuto de lenda. Ainda bem!
3 - Para além dos favoráveis resultados tangenciais, nada mais assemelhou os duelos de 1990, com Eriksson no banco, e o da última quinta-feira, com Eriksson na tribuna: começando no ambiente do estádio, que não consegue, não há meio de conseguir, replicar o “inferno” das grandes noites europeias do antigo; acabando nos festejos das vitórias, a de 1990 comemorada, com ou sem mão de Vata, como se de um fascinante título se tratasse, a desta semana premiada com coro de assobios próprio de um funeral futebolístico.
4 - Exemplar foi a palavra que encontrei para melhor classificar a forma como o Benfica tratou da proibição de ter adeptos seus no Vélodrome. Pena que iguais posições de força não sejam tomadas em Portugal sempre que somos mal tratados ou desconsiderados pelos clubes que nos recebem. Sei exatamente do que falo: sou adepto de bancada, sujeito a todos os atropelos, não de camarotes carregados de mordomias VIP.
5 - Contrariando aquilo que insistentemente por aí se apregoa - como se o ADN europeu fosse um exclusivo do FC Porto -, o Benfica é quem mais pontos tem angariados para o ranking da UEFA a cinco anos - aquele que define os posicionamentos das equipas e dos países. Pena foi que não transformássemos numa inutilidade a semana que o Marselha tem para dedicar à preparação do jogo da segunda mão: tivemos os franceses à mercê e, quando se adivinhava o terceiro golo que arrumaria de vez o assunto, levámos com aquele que deixa a eliminatória perigosamente em aberto. Em razão disso, vamos a Marselha sofrer e não apenas desfrutar do infernal ambiente do Vélodrome - vale que estamos treinados: foi também assim em Toulouse e Glasgow.