A JOGAR AGORA - Um artigo de opinião de Jaime Cancella de Abreu
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1 Casa cheia, a abarrotar, com aquele ambiente tão especial que só a Champions consegue proporcionar: assim recebemos o Atlético de Madrid para um jogo que era o teste da verdade por tantos requerido, reclamado, exigido até. A superior exibição, o fantástico resultado e os benfiquistas em uníssono no apoio à equipa emudeceram os críticos - e proporcionaram-me uma noite que já está guardada no baú mais glorioso da minha memória, para mais tarde, daqui a uns anos se ainda por aqui andar, proclamar em alto e bom som: “Eu estive lá!”
2 Mudou assim tanta coisa desde a desastrada exibição em Moreira de Cónegos? OK, é verdade que agora temos Akturkoglu, o tal que foi comprado à última hora e teve que assinar às pressas no aeroporto, o tal que chegou, viu e não parou de marcar e assistir. Mas a responsabilidade maior da mudança esteve na chicotada psicológica: Lage, quase sem tempo para treinar, colocou a equipa a jogar aquele futebol de ataque bem à sua imagem, com intensidade, com pressão, acelerado nos processos, nas dinâmicas… e com golos, muitos golos, vamos com 18 em cinco jogos, cinco deles na sequência de cantos - as tais bolas paradas que com Schmidt não serviam para nada -, outros de meia distância, outros ainda a concluir grandes jogadas coletivas.
3 Numa noite de gala, os jogadores - todos, sem exceção - apresentaram-se de smoking, sim, mas com fato-macaco por baixo, juntando-lhe a solidariedade, a cumplicidade e a determinação de um batalhão que vai para Aljubarrota desejoso de vencer forças inimigas tidas como superiores. Deixem-me, contudo, ser injusto, dado que todos mereciam aqui um especial destaque: então não é que o tão mal tratado Tino, o ladrão de bolas que não dá um passo nem faz um passe sem ser a benefício do coletivo, entrou por mérito dos números nas escolhas da UEFA para a equipa da semana? Só não há meio de entrar nas escolhas de Martínez, que descobriu entretanto no Maiorca um “fera” de nome Samu Costa.
4 E agora, amigos benfiquistas, nada de deslumbres, nada de euforias: somámos três importantes pontos para a luta pelo apuramento, marcámos golos que serão decisivos enquanto fator de desempate no final desta “fase liga”, amealhámos 2,1 milhões de euros para maior conforto da tesouraria, ganhámos - e como isto é importante no futebol - uma confiança redobrada nas capacidades da equipa, e ela em si mesma. Acontece que tudo isto, que não é coisa pouca, nem uma tacinha valeu para o Cosme Damião. Temos um longo caminho pela frente, certo? Certo! Portanto, pés assentes na terra, a começar já hoje na Choupana.
5 Mal estaria o Trubin - coitado, seria trucidado - se caísse na asneira de consentir dois golos como os que Diogo Costa sofreu frente ao Manchester United. Eis a minha humilde conclusão: ainda melhor do que fazer grandes defesas, é ter boa imprensa!
6 Conheci pessoalmente João Rodrigues, que tratava carinhosamente por “Presidente”. Partiu faz hoje uma semana, por certo consciente de que poucos terão aproveitado tão bem a vida quanto ele. RIP, Presidente!