Opinião do jornalista Carlos Flórido
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Achei interessante a chamada de atenção de Nelson Évora, na RTP, para a dificuldade na obtenção de mínimos no atletismo, pois as marcas exigidas eram praticamente ao nível de finalistas - no triplo salto só nove mulheres e 12 homens as conseguiram -, sendo a maioria apurada por ranking, uma espécie de repescagem.
A exigência superior do atletismo estendeu-se a muitas modalidades, refletindo-se na diminuição de atletas para alguns países, como Portugal, e obedece a uma lógica simples: os Jogos Olímpicos voltaram a reduzir o limite de atletas presentes para baixo dos 11 mil (estão 10 714 em Paris, contra 11 319 em Tóquio) e desde a edição anterior possuem mais de 30 desportos (33 no Japão, 32 em Paris) e cerca de 330 eventos de medalha, contra 28 ou 26 desportos e 300 eventos nas restantes edições deste século.
Nem é preciso fazer contas: menos atletas e mais modalidades significa tirar gente em muitas áreas, para que as disciplinas da “moda”, segundo os critérios do Comité Olímpico Internacional, possam ter lugar.
A mudança para um espetáculo puro e duro obedece à busca de audiências e honestamente não me agrada, mas o defeito pode ser meu. Ridículo é acontecer, como no ténis, o número fixo de 182 jogadores (abaixo das edições anteriores) não admitir chamadas de última hora para a Aldeia Olímpica (os suplentes do Masters, por exemplo), sendo recrutados jogadores dos pares se existirem lesões nos singulares. Foi bonito, para Francisco Cabral, ser chamado a uma dupla oportunidade olímpica, mas sabendo-se que não jogava singulares desde março de 2022 alguém fica mal na fotografia: o COI.