Ir ao Mundial em ano de Jogos é uma opção difícil
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Quando as federações internacionais organizam Mundiais e/ou Europeus em ano de Jogos Olímpicos, colocam sempre um dilema a atletas e treinadores. Repartir a aposta entre duas provas ou concentrar a época na mais importante é sempre uma opção difícil. Portugal optou pelas duas frentes, com Diogo Ribeiro no Mundial de Doha, onde obteve dois títulos inéditos, e com Camila Rebelo campeã da Europa em Belgrado. Nenhum deles repetiu as marcas em Paris - 51,17s para 51,90s nos 100 mariposa dele, 2m08,95s para 2m11,60s nos 200 costas dela -, sendo ambos logo eliminados nas provas em que tinham ouros.
Se agora espera uma crítica às escolhas feitas por ambos, desengane-se. Na posição deles eu teria feito a mesma opção, em especial no caso de Ribeiro, pois o Mundial foi em fevereiro, dando tempo suficiente para um segundo pico de forma em julho/agosto. Isto apesar de, entre os que nadaram a final de Doha, só três terem atingido a meia-final de Paris e só um esteja apurado para a final olímpica. A verdade é que Portugal, aproveitando provas com muitas ausências, festejou proezas inéditas numa natação carecida de alegrias e deu aos seus novos talentos experiências inéditas. Também lhes aumentou a responsabilidade e esse foi um reverso da medalha.
As declarações de Diogo Ribeiro, disparando em várias direções, revelam um jovem intranquilo, dão a entender que se deixa perturbar por comentários nas redes sociais - um veneno para atletas - e recomendam descanso e reflexão. Aos 19 anos, tem tempo para muitas e importantes conquistas. Desde que conserve a cabeça limpa e alegre dos seus primeiros dias.