O dérbi de Lisboa aproxima-se como promessa de tudo e de nada, e até o Boavista se lembrou de sonhar. Esta semana ninguém quer saber de contas, cortes ou críticas. Ainda falta muito? Devia era faltar mais
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Mensagens de apoio expressas em tarjas, pinturas na estrada, cânticos de apoio, enfim, adeptos em êxtase. O futebol é bonito, todos estão felizes, fazem-se apostas, promessas e recordam-se superstições que, no passado, resultaram. Ainda falta muito? Devia faltar mais – na verdade –, prolongando este estado de graça que nos leva a acreditar que tudo está bem porque sábado joga-se o Benfica-Sporting que muitos imaginaram. Tornou-se realidade, e quem ousou criticar o futebol que se retire. O que suceder depois do apito final no Estádio da Luz debate-se a seguir. Porque essa é a outra beleza do futebol, já que as mãos que hoje aplaudem podem, sábado, ajudar a que o grito e o assobio cheguem mais longe na hora de criticar o derrotado. Eduardo Quaresma é hoje o herói do Sporting, a quem devia ser oferecido contrato vitalício – e ainda assim seria curto – que merece depois do golo ao minuto 93. Mas, se falhar na marcação a Pavlidis, aí… Ainda falta muito? Devia faltar mais.
O que nos interessa é a emoção. A emoção que o Boavista nos devolveu numa segunda-feira à noite. Ainda falta muito para o dérbi portuense? Devia faltar mais. Os que ousarem recordar os salários em atraso, o corte de luz, a falta de água quente ou os treinos em Canelas… que se retirem. São os heróis do Bessa, merecem todos os elogios. Eles e o clube – ou SAD, ou clube e SAD… –, ainda que não se perceba onde está o heroísmo de trabalhar sem receber, sem luz ou água quente. O futebol português está mesmo bem? O que interessa isso esta semana? Cristianinho, tal como o pai Ronaldo, estreia-se numa convocatória por Portugal no escalão de Sub-15.