DE CABEÇA - Opinião de Vítor Santos
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1 - O Benfica foi, pela primeira vez nesta época, claramente superior a um dos quatro primeiros, conseguindo três pontos importantes, com algum sofrimento à mistura. Ficamos sem saber o que teria sido o jogo se o Sporting de Braga tivesse investido mais cedo sobre a baliza encarnada.
No duelo da ambição, o líder do campeonato ganhou aos pontos, após um grande jogo com um final feio, à sul-americana. Como a última imagem é a que fica, lá se perdeu mais uma oportunidade de dar o exemplo.
2 -A questão do racismo, no futebol ou noutra atividade qualquer, é sempre sensível. Devemos ser implacáveis na defesa dos valores da igualdade e o desporto até tem responsabilidade acrescida, porque é em si mesmo um exemplo de integração quase sem paralelo, tornando-se ainda mais importante pela capacidade de chegar de forma rápida e eficaz junto das massas.
O caso protagonizado por Colombatto e Pepe, no FC Porto-Famalicão da última semana, dispensa, por isso, os excessos próprios do futebol de caserna dirimido nas redes sociais. Se colaboramos na intoxicação, estamos a colocar o caso ao nível da discussão de um fora de jogo ou de um vermelho que ficou por mostrar, qualquer coisa parecida com as guerrinhas de palavras absurdas entre os adeptos dos clubes A, B ou C.
A acusação de Pepe é gravíssima, o capitão dos dragões já apresentou queixa na Polícia, pelo que importa investigar até às últimas consequências. Colombatto, entretanto, avança com outra versão, garantindo que não chamou "mono" - macaco, em espanhol - ao colega de profissão. Em relação ao árbitro, descreve no relatório do jogo ter ouvido qualquer coisa, mas não foi "macaco".
Talvez os áudios do VAR deem uma ajuda a perceber exatamente o que se passou e quem tem razão, e porque todos os intervenientes merecem, por agora, o mesmo respeito, já é possível tirar uma conclusão. Manuel Mota agiu bem. O caminho mais simples teria sido mostrar um cartão amarelo a Pepe, mas o juiz, provavelmente sensível à gravidade da acusação e ao transtorno que causa à pessoa visada, deu o exemplo do que deve ser o desporto e escudou-se na Lei XVIII das regras do futebol - a tal que não existe, porque o livro só tem 17: a lei do bom senso.