O FC Porto procurará avivar memórias sobre um salão de festas, obrigando Bruno Lage a “assumir a responsabilidade” sem que lhe soprem ao ouvido
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O primeiro clássico da Liga joga-se hoje, à 11ª jornada, sem qualquer carácter decisivo mas como verdadeiro teste de fogo para saber sobre qual dos dois, FC Porto ou Benfica, é o mais sério concorrente a disputar as eventuais fissuras que a saída inusitada de Rúben Amorim pode vir a provocar no Sporting e na sua ambição de conquistar o bicampeonato que lhe escapa há sete décadas. Daqui a algumas semanas saberemos se o Sporting resolveu ou não disparar para os pés na iminência de poder fazer algo que já não acontece há 70 anos, de forma semelhante ao Benfica que atirou sobre si mesmo quando tentava alcançar o Penta que só o FC Porto até agora conseguiu.
A semana foi complexa para “dragões” e “águias”, por razões diversas mas que confluem nas expectativas de sucesso europeu. Para o FC Porto, a disputa da Liga Europa começou na expectativa de ir longe, almejar a final. Cedo se percebeu que a equipa ainda não está talhada para a consistência a que a felicidade numa prova europeia obriga, sobretudo quando a margem de erro é agora mais curta perante a nova calendarização da prova. Como ficou claro contra o Bodo/Glimt e a Lázio, a falta de maturidade ainda atira a equipa para períodos de descontrolo onde as desatenções são mais que muitas, completamente inoportunas e quase irrecuperáveis. É difícil conceber que os dois golos sofridos em Roma apareçam nos momentos de descontos de ambas as partes, quase como se toda a personalidade demonstrada durante o jogo virasse tremelique mesmo à chegada do andor. Para o Benfica, a irrazoabilidade não advém da derrota mas antes daquilo que Bruno Lage não quis deixar jogar. Num misto de incapacidade e indolência, a derrota em Munique diz mais sobre o que o treinador pensa da equipa do que sobre a confiança que a equipa nutre em si mesma.