No futebol português, a previsibilidade é uma arte. Florentino e Di María, entre a pura coincidência e a genialidade, conseguiram ver o quinto amarelo. Coincidência? Ou uma estratégia bem orquestrada?
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Uma das maravilhas do futebol português é a sua capacidade de nos surpreender com a facilidade com que se repete. E isto a propósito de cartões amarelos. Ora, não foi de forma inocente que Florentino e Di María viram o quinto amarelo nos momentos finais do Vitória-Benfica e que, por isso, cumprirão castigo frente ao Moreirense, chegando limpos ao dérbi com o Sporting. Se foi inocente, então tratou-se de uma coincidência oportuna, no mínimo. Tão, mas tão oportuna, que se transformou no assunto para debater toda esta semana que começa hoje.
Não sejamos inocentes, forçar cartões para falhar jogos tidos como menores e estar disponível nos grandes e/ou decisivos é uma prática antiga. E, é escusado falar alto ou por cima, não é sequer um exclusivo do futebol português. O que não invalida que se possa desgostar – à falta de outro verbo – da estratégia. Estamos perante um ato de gestão inteligente ou algo que desvirtua o espírito competitivo? A resposta óbvia é que não é ilegal. Quer dizer, é legal por se tratar de um jogo organizado pela Liga Portugal, porque, aos olhos do regulamento da FPF, quem provocar um cartão pode ser suspenso de um a três jogos. Uma dualidade que não fica bem neste quadro, como também não ficou bem Bruno Lage falar de estratégia na entrevista rápida e contar outra história à sala de imprensa. Dispensável, porque abriu ainda mais a porta a todo o tipo de interpretações.
Sim, Florentino e Di María forçaram o quinto amarelo para evitarem ficar de fora do que se afigura como o jogo do título. É legítimo? Sim. É bonito? Nem sempre.