Foi Rui Costa quem decidiu prolongar o tormento das bancadas da Luz ao dar um inesperado e, sobretudo, injustificado voto de confiança a Schmidt no final da última época. Lage vai fazendo o que pode para reconciliar os adeptos com a equipa, mas não pode fazer muito para resolver a quebra de confiança no presidente
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"A principal missão é fazer os adeptos felizes”. Não parece, mas a frase é de Roger Schmidt, em março de 2023, quando tinha acabado de assinar a renovação de contrato com o Benfica até 2026. Será um eufemismo dizer que Schmidt falhou redondamente na missão de fazer os adeptos encarnados felizes. Aliás, não os fez apenas infelizes, esgotou-lhes a paciência, mas a culpa, em boa verdade, não foi só dele. Afinal, foi Rui Costa quem decidiu, pelos vistos com a anuência da restante direção encarnada, prolongar o tormento das bancadas da Luz ao dar-lhe um inesperado e, sobretudo, injustificado voto de confiança no final da última época. Fê-lo ignorando as inúmeras pistas que o alemão foi deixando quanto à sua incapacidade para explorar o enorme potencial do plantel milionário que tinha à disposição, bem como as evidências de um divórcio litigioso com os adeptos que reduziu a margem de tolerância a menos que zero.
Entre o voto de confiança e o inevitável despedimento de Schmidt, quando o arranque da temporada confirmou as piores, mas também as menos surpreendentes expectativas, passaram quase quatro meses de tempo perdido por Rui Costa numa época absolutamente decisiva para a respetiva continuidade no cargo de presidente. E se a chicotada psicológica proporcionada pelo regresso de Bruno Lage parece ter funcionado com a equipa que, apesar de ainda longe de qualquer vislumbre de brilhantismo, joga atualmente com a soltura de quem se livrou das amarras táticas impostas por Schmidt, o mesmo não se pode dizer dos adeptos. Lage vai fazendo o que pode para reconciliá-los com a equipa, mas não pode fazer muito para resolver a quebra de confiança no presidente.