A quase certa saída de João Mário para o Besiktas depois de ter sido considerado um jogador-chave por Roger Schmidt não deixa de ser estranha, especialmente se tiver sido decidida na base do assobio
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1 João Mário está a caminho do Besiktas. A rapidez com que o médio passou de titular do Benfica, de “jogador-chave” para Schmidt e de subcapitão dos encarnados a transferível não deixa de ser surpreendente. Com ele vai uma parte do trabalho de pré-época dos encarnados, durante a qual participou em todos os jogos de preparação e onde garantiu o lugar no onze que manteve nas duas primeiras partidas do campeonato. Aliás, no final da primeira, João Mário chegou a dizer que a derrota com o Famalicão “era um abre olhos” e que a solução era “trabalhar cada vez mais” porque a “época é longa”. Afinal, ficou curta de repente. Alguns assobios frente ao Casa Pia e eis que João Mário está de saída. Se se tornar regra, o Benfica arrisca-se a ficar sem plantel.
2 Nunca é fácil escrever sobre a morte de lendas do futebol e, infelizmente, nos últimos tempos estes textos têm-se tornado demasiado frequentes. E nem o facto de esta ser a crónica de uma morte anunciada facilita a escolha das palavras para falar de Sven-Goran Eriksson, o treinador que revolucionou o futebol do Benfica nos anos 80 e influenciou todo o futebol português, dando um contributo inestimável para o lançar no caminho da modernidade. Claro que seria egoísta reclamá-lo como património imaterial nosso, ele que teve uma influência semelhante em Itália ou como selecionador da Inglaterra, deixando lá, como aqui, uma marca profunda na memória da família alargada do futebol. Há algum conforto para encontrar na certeza de que sentiu esse reconhecimento em vida, como merecia. E outro tanto na certeza de que a grandeza de caráter que sempre demonstrou o acompanhou até ao fim. Ao Benfica, aos que tiveram o privilégio de trabalhar com ele, aos amigos e, sobretudo, à família de Eriksson O JOGO deixa as mais sentidas condolências.