A extraordinária liga saudita, que acabou de ganhar protagonismo com a chegada de Cristiano Ronaldo, mostra um lado inovador ridículo, com despedimentos pelo Twitter.
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Esgotada a exploração do filão chinês, o futebol virou-se para a península arábica, aproveitando o facto de os regimes totalitários de quatro países verem na modalidade uma forma de se legitimarem internacionalmente, depois de duas décadas a procurar replicar as grandes metrópoles europeias e norte-americanas no deserto.
Nem tudo é mau por aqueles lados, o Mundial do Catar até permitiu perceber que a capacidade de organização existe, mas ninguém está isento de responsabilidades nesta aproximação, mais ou menos inevitável, que se faz acompanhar por um lado perverso de anuência a uma série de práticas que colocam em causa os mais básicos direitos de qualquer cidadão.
O futebol há de perceber que também não está imune à prepotência da força do dinheiro, depressa jogadores e treinadores passarão a vítimas. Pepa, por exemplo, já sabe como é. O técnico português acaba de ser despedido do Al Tai.
As danças de treinadores acontecem com frequência em todas as latitudes, muitas vezes sem ponta de critério, mas os clubes da extraordinária liga saudita conseguem inovar para pior, demitindo os profissionais através das redes sociais. Sem falar com o treinador, o príncipe lá do sítio contratou um novo, livrando-se de Pepa da forma mais covarde possível. Com uma publicação no Twitter, sem uma comunicação olhos nos olhos. Por mais melhores do mundo que contratem e mundiais de futebol que negoceiem, a falta de respeito e a prepotência de quem está habituado, pela força do dinheiro, a fazer o que quer virá sempre ao de cima.