Há um problema de falta de qualidade na arbitragem, que o VAR poderia ajudar a corrigir. O problema é que esta ferramenta não escrutina sozinha, tornando a questão uma espécie de pescadinha de rabo na boca.
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Subtrair um jogador a uma partida de futebol tem de ser uma decisão inequívoca, sem margem de contestação, porque se revela crucial em duas dimensões: no andamento do jogo, eventualmente no próprio resultado, e também na qualidade do espetáculo.
Com a introdução do VAR, passou a ser incompreensível para o comum dos adeptos ver um jogador mal expulso, porque todos os cartões vermelhos carecem de verificação.
Não é a primeira vez que escrevo sobre o tema da responsabilidade dos árbitros na hora de expulsar, nem será a última em que sublinho a dificuldade que têm para trabalhar no futebol português. Mas por vezes também se metem a jeito.
Ontem, no Estádio do Dragão, com a partida empatada a um golo, Rui Costa, alertado pelo VAR, Tiago Martins (que esteve mal noutras avaliações), corrigiu um cartão amarelo bem exibido a João Mário e trocou-o por um vermelho, deixando a equipa portista reduzida a dez. O protocolo é claro quando define que os árbitros só devem ser alertados se não existirem dúvidas sobre o erro. Depois de ver as imagens, é muito difícil perceber como Tiago Martins consegue identificar a possibilidade de, pelo menos Marcano, não conseguir opor-se à eventualidade de a bola sobrar para um gilista. Estavam decorridos 35 minutos e, obviamente, o lance condicionou todo o encontro. O resultado de tudo isto é que o VAR, um elemento essencial para minimizar os focos de polémica, volta a ser fortemente questionado, porque se trata de uma ferramenta que depende sempre da competência humana.