Como é que uma equipa da 2ª divisão europeia, sem competição há mais de 3 meses, vem a Alvalade jogar com este conforto? Só foi possível porque o Sporting deixou.
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Que dizer deste Sporting bipolar ? Será o sistema de jogo utilizado por Ruben Amorim? Será a descrença que se apoderou da equipa ? Não tenho respostas definitivas, talvez porque seja um resumo destas e de outras questões.
A derrota com o Porto e o empate com o Midtjylland têm um traço comum : ambas as equipas conheciam o sistema de jogo do Sporting e adaptaram-se perfeitamente a esse sistema. Bastou esperarem confortavelmente pelo Sporting ,dando-lhe a iniciativa do jogo, jogando com a ineficácia gritante da minha equipa. No caso do Porto, a valia colectiva e individual da equipa, ao nível (ou mesmo superior) da do Sporting ,tornou a derrota expectável e até natural. A 1ª parte teve mais Sporting, que não conseguiu materializar em golos esse ascendente. A 2ª parte teve mais Porto, que ao contrário do Sporting marcou, ainda que com muita sorte. A sorte faz parte do jogo. A exibição com o Midtjylland é que me deixou verdadeiramente triste.
Esta tendência que se manifesta cada vez com mais frequência de grandes grupos económicos, privados ou de estado, constituírem frotas de clubes como se fossem frotas navais tem que ter um fim próximo, ou o futebol como desporto para os adeptos morre.
Como é que uma equipa da 2ª divisão europeia, sem competição há mais de 3 meses, vem a Alvalade jogar com este conforto? Só foi possível porque o Sporting deixou. A falta de velocidade e intensidade somadas à falta de qualidade na zonas de decisão explicam este resultado.
O Sporting chega com alguma naturalidade às zonas de decisão. O problema é que as decisões são quase sempre más, e mesmo quando são boas não há poder de fogo. A minha equipa joga com pouca gente na área adversária. Algo tem que mudar, sobretudo internamente, porque os nossos adversários conhecem a nossa forma de jogar e com alguma facilidade conseguem anulá-la. Felizmente, já não existe a regra dos golos fora que permite ao Sporting continuar a disputar esta eliminatória europeia.
Esta tendência que se manifesta cada vez com mais frequência de grandes grupos económicos, privados ou de estado, constituírem frotas de clubes como se fossem frotas navais tem que ter um fim próximo, ou o futebol como desporto para os adeptos morre. O desprezo que esta gente demonstra pelo historial dos clubes, em muitos casos centenários, acabará por matar o futebol.
A história de muitos clubes vai muito além da vertente desportiva. Eles são parte integrante duma realidade social com impacto nas comunidades, tanto a nível regional como nacional. Esta gente despreza tudo isso, preocupando-se apenas com o negócio. O que se está a passar em Valência é o exemplo acabado do cancro que invadiu o futebol.
Até para a semana.