Perdeu-se a fé em Anselmi, agora crucificado na mesma praça pública onde já se assobiava a equipa nos tempos de Vítor Bruno. De Messias anunciado, a dúvida existencial com sotaque argentino
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A mais recente derrota do FC Porto, especialmente a incapacidade demonstrada na Amadora, atirou Martín Anselmi para a praça pública. A mesmíssima praça onde uma boa parte do plantel já era criticada ainda durante a gestão de Vítor Bruno. Na altura, questionava-se a qualidade de alguns jogadores; agora, aumentam as dúvidas sobre se o treinador argentino – ultrapassada a fase da crítica ao modelo de jogo… – será mesmo a cara do futuro que André Villas-Boas vaticinou na entrevista a O JOGO, no passado mês de março.
Entende-se que o presidente portista tenha, já nessa altura, sentido a necessidade de defender Anselmi com unhas e dentes. Da mesma forma que é aceitável que não o tenha feito de novo, como se, a cada mau resultado, tivesse de dar a cara. Já todos sabem que, em última instância, o responsável é – e será – André Villas-Boas. Nos maus e nos bons momentos.
Voltemos a Anselmi. Ninguém pode afirmar com certeza absoluta que se tornou na mais recente cruz que AVB tem de carregar, mas há razões para acreditar que sim. Porque, se por um lado nada deste FC Porto é de Anselmi – tudo foi herdado –, a teimosia do argentino começa a ser difícil de defender, perante as exibições e os resultados. E é aqui que se ergue a nova cruz de André Villas-Boas: se o FC Porto terminar em quarto lugar, deve manter Anselmi? E, se a opção for mudar, deve essa decisão ser concretizada antes do Mundial de Clubes? E quem vai escolher o plantel – e para que modelo de jogo – que, depois da prova da FIFA, terá pouco tempo para preparar uma nova temporada? A cruz é azul e branca.