Organismo lamentou que a China "não tenha abordado esta questão [acusação de violação sexual] de forma credível" e apelou a "investigação completa e transparente"
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A Associação de Ténis Feminino procedeu, esta quarta-feira, à suspensão imediata de torneios sob organização na China, na sequência da tenista Peng Shaui ter denunciado uma violação sexual cometida por um alto funcionário do Partido Comunista chinês.
"Anuncio a suspensão imediata de todos os torneios da WTA na China, incluindo Hong Kong. Não vejo como posso pedir aos nossos atletas para competirem lá quando Peng Shuai não está autorizada a comunicar livremente e parece ter sido pressionada a contradizer a sua alegação de agressão sexual", refere Steve Simon, CEO da WTA, que teve "total apoio" da direção do organismo.
A entidade considera que a "mensagem de Peng Shuai tinha de ser ouvida e levada a sério", pois as mulheres em todo o mundo "não merecem menos". "Não se pode tornar aceitável", disse o responsável, criticando "pessoas poderosas que suprimem vozes das mulheres e varrem acusações para debaixo do tapete".
Peng Shaui, antiga número um mundial em pares, denunciou, no início do último mês de novembro, ter sido obrigada a praticar atos sexuais pelo vice-presidente chinês Zhang Gaoli, sendo essa mensagem apagada 20 minutos depois.
Posteriormente, a Imprensa internacional noticiou que a tenista chinesa estava desaparecida e haviam suspeitas de que estaria foragida nos Estados Unidos da América, devido ao medo de sofrer represálias a nível pessoal.
Em 21 de novembro, foram divulgados vídeos de Peng Shaui, publicados por jornalistas chineses, em participação num evento desportivo, no qual dava autógrafos. "Embora saibamos agora onde Peng está, tenho sérias dúvidas de que ela seja livre, segura e não sujeita a censura, coerção e intimidação" notou Steve Simon.
Até à data, qualquer referência ao nome da tenista, número 189 mundial, ou ao alegado caso de violação sexual permanecem proibidas nos motores de pesquisa e nos meios de comunicação da China, que não procedeu a uma investigação à acusação.
A WTA lamentou que a liderança na China "não tenha abordado esta questão de forma credível" e apelou a que as autoridades chinesas procedam a uma "investigação completa e transparente" relativas às alegações feitas pela tenista.