Governo ucraniano defendeu que o IPC "traiu a sua consciência e os valores olímpicos" ao readmitir os comités da Rússia e Bielorrússia
Corpo do artigo
A Ucrânia acusou este sábado o Comité Paralímpico Internacional (IPC) de "trair os valores olímpicos" por reintegrar a Rússia e a Bielorrússia, suspensos desde a invasão daquele país, como membros de pleno direito do organismo.
Em comunicado enviado à agência de notícias francesa France-Presse, o governo ucraniano defendeu que o IPC "traiu a sua consciência e os valores olímpicos" ao readmitir os comités daqueles países.
"Instamos os nossos parceiros europeus, que vão acolher os próximos Jogos Paralímpicos de Inverno [em Milão-Cortina, em 2026], a não permitir que as bandeiras do Estado agressor [a Rússia] sejam hasteadas num espaço livre e democrático enquanto a agressão [contra a Ucrânia] continua", apelou o ministro do Desporto ucraniano, Matvii Bidnyi.
O IPC decidiu hoje levantar a suspensão parcial da Rússia e da Bielorrússia e reintegrar os dois países como membros de pleno direito.
A decisão, tomada durante a assembleia geral do organismo a decorrer em Seul, abre a porta à participação de russos e bielorrussos, sob as respetivas bandeiras, nos Jogos Olímpicos de Inverno Milão-Cortina'2026, que vão decorrer de 6 a 15 de março do próximo ano.
"A decisão de participarmos ou não será tomada coletivamente num momento posterior, em função de várias circunstâncias", acrescenta o ministro, deixando em aberto um boicote ucraniano à competição.
Em julho de 2023, um decreto governamental proibiu atletas ucranianos de participar em provas onde estivessem russos ou bielorrussos, sendo posteriormente retificado para "aceitar" desportistas a competir sob bandeira neutra, como aconteceu em Paris'2024.
Hoje, a assembleia geral do IPC votou favoravelmente a reintegração da Rússia (91 a favor, 77 contra e oito abstenções) e da Bielorrússia (103 vs. 63 contra e 10 abstenções), país que apoiou a invasão russa em fevereiro de 2022.
A suspensão parcial destes países foi adotada no outono de 2023 pelo IPC - os atletas podiam competir, sob bandeira neutra, caso cumprissem certos requisitos -, que tinha excluído desportistas destes países dos Jogos Olímpicos de Inverno Pequim'2022.