Sapatilhas, árvores e lebres para Kipchoge cumprir a maratona em menos de duas horas
Nada foi deixado ao acaso: três meses e meio de preparação do traçado, um percurso asfaltado sem qualquer imperfeição, uma pista testada várias vezes graças a programas de simulação.
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Um evento patrocinado por Jim Ratcliffe - o homem mais rico da Grã-Bretanha, dono da petroquímica Ineos e acérrimo anti-Brexit - é o palco para Eliud Kipchoge tentar chegar onde nenhum humano chegou: completar uma maratona em menos de duas horas. Um objetivo fantástico para o qual foi montado um palco único montado na antiga reserva de caça imperial do Prater, no centro de Viena, um percurso asfaltado sem imperfeições, uma pista testada várias vezes graças a programas de simulação e que levou a IAAF (Associação Internacional de Federações de Atletismo) a anunciar que não homologará o resultado.
O longilíneo queniano, de 34 anos (1,67 metros, 52 quilogramas), partirá para às 7h15 deste sábado - mais uma hora na Áustria -, mas não irá sozinho. Com eles estão 41 fundistas a cumprirem o papel de lebres, ajudando assim a manter o ritmo, num percurso sempre ladeado de árvores. Entre esses atletas estão nomes como os três irmãos Ingebrigtsen, Chelimo, Musagala, Lagat, Barega ou Centrowitz. À frente, um carro que viajará a 21,3 quilómetros/hora.
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Kipchoge é um dos maiores corredores da história do atletismo, construíndo uma carreira que começou em 2003 com a surpreendente vitória nos 5.000 metros dos Mundiais de Paris. No que respeita às maratonas, conta com vitórias em eventos como Chicago, Londres, Berlim, além da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos Rio'2016. Esta sábado de manhã, em Viena, corre para completar os 42,195 quilómetros em 1h59m. O importante é que seja abaixo das duas horas. Na verdade, falta muito pouco,. menos de dois minutos, mais exatamente um minuto e 49 segundos, para se baixar da mítica barreira das duas horas.
Um eventual sucesso elevará o corredor africano acima de todos os atletas, juntando o seu nome aos de outros marcos colossais, como os obtidos por Jim Hines, o primeiro a fazer menos de 10 segundos nos 100 metros em 1968. A altitude em que está Viena, 170 metros acima do nível do mar, é propícia ao sucesso. Também a temperatura, fria, entre 7 e 10 graus. Daí a hora em que a corrida começará, entre as cinco e as nove horas da manhã. Sem chuva, sem vento. E, sobretudo, o trabalho dos cientistas que conseguiram melhorar a nova versão das sapatilhas Nike Vaporfly, a maior revolução produzida no setor desde a introdução das câmaras de ar nos anos 70.