Rúben, o Cowboy de Pegões Velhos: "Segundos lugares não alimentam carreiras"
Rúben Guerreiro (EF) conta a O JOGO a emoção de vencer numa Grande Volta e estar agora a confirmar o talento emergente que muitos lhe apontaram desde bem cedo.
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Rúben Guerreiro, badalado como sucessor de Rui Costa, saiu com um rótulo pesado da Axeon para os dois anos de Trek. Problemas físicos limitaram, mas, na Katusha, deslumbrou na Vuelta e ficou perto de ganhar uma etapa. Conseguiu-o no Giro. "Depois do azar vem a sorte. Não consegui o que queria na Trek, ficaria na Katusha, mas a equipa acabou. Vim para uma equipa que me dá muitas oportunidades, tem um lote de corredores parecidos. Sempre trabalhei e acreditei que ia bater certo. Os segundos lugares não alimentam carreiras e cliquei no botão de ataque. Estou muito satisfeito, era o que sempre sonhei. A fuga demorou 80 km a formar-se, mas tinha marcado a etapa", conta a O JOGO o ciclista de 26 anos da Education First, emocionado por dar a Portugal um festejo na meta em Itália 31 anos depois: "É uma motivação. Sabia que todos estavam comigo. O festejo à Cristiano Ronaldo saiu-me: foi um instinto, uma libertação de tudo."
Divertido, ainda vibrava com um final inédito, ao lado de outro português, neste caso de rosa. "Somos um país pequeno. Conhecemo-nos todos. Fui logo perguntar ao João Almeida [Deceuninck] como lhe tinha corrido a etapa. Ele perguntou-me o que fazia eu ali. Quando percebeu que eu tinha vencido a etapa, festejámos como dois miúdos na escola. Depois, com a equipa, foi só champanhe... mas com cautelas", detalha, entre risos, comentando o porquê de ser apelidado de Cowboy de Pegões Velhos, no Montijo: "Acho que não foram as miúdas a chamar-me assim; foram uns amigos. Metade da minha família está ligada à tauromaquia e, vá, sou extrovertido. No pelotão, estou sempre a brincar. Aliás, os diretores sabem que às vezes perco o foco pela palhaçada; também sabem que quando ligo o modo de ataque, vou até ao fim."
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Tem a liderança da montanha e cinco dias onde se pode resguardar. "Somei uns pontos na etapa 9, mas queria era a vitória. É um bónus ter a camisola e vou tentar mantê-la. Vou estar atento, mas domingo vou tentar estar na fuga para amealhar", explica, falando de João Almeida: "Pode lutar pelo pódio. Está tranquilo e pode meter minuto e meio aos rivais no contrarrelógio. Se puder, dou-lhe uma ajuda na montanha [risos]." E haverá festa caso João fique nos três primeiros? "Vamos pegar no champanhe, vai haver coboiada certa", termina.