Após uma ausência longa, está pronta para um novo combate. O incentivo vem da família e as pessoas na rua pedem-lhe que regresse.
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Com o pódio nos Jogos Olímpicos de Pequim a culminar de dez anos de treino intenso, Vanessa Fernandes sentiu necessidade de se afastar do espartilho do CAR do Jamor e do despertar às cinco da manhã. Por uma vez, quis ser uma rapariga normal e foi à sua vida, prometendo contar um dia todos os pormenores. Quem sabe em livro. Por agora, aos 28 anos, sonha voltar a cortar a meta em primeiro e matar as saudades dos aplausos do público.
Tornou-se um símbolo do desporto português e as suas vitórias mudaram a face do triatlo nacional. É assim que olha para si mesma?
Tenho noção do que fiz pelo desporto português. E sei que estou na história. Ter uma medalha olímpica não é tão fácil, nem é algo que se esqueça.
Lembra-se muito dela?
Há dias em que me lembro bastante, porque foi algo a que me dediquei muito e é algo de que me orgulho. É bom recordá-la.
Está num sítio especial?
Está em casa dos meus pais, mas um dia vai passar para a minha.
Ao dizer 'dediquei-me muito', parece fácil, mas como se lida com um enorme sofrimento em troca de um momento de glória tão efémero?
Qualquer pessoa que queira algo de diferente tem de sofrer, porque é o segredo para o sucesso. Tem de se abdicar de muita coisa, mas estar num pódio olímpico é indescritível. Eu não sei explicar.
O que a fez parar após Pequim? Não ter ganho o ouro mexeu consigo? O que aconteceu depois?
Pouco antes de Pequim, as coisas já não estavam bem comigo, isto já andava desregulado e a própria prova foi complicada, mas tive uma força cá dentro que me levou à prata, o que me deixou satisfeita. Depois de Pequim, podia ter-me afastado, mas o que fiz foi pensar logo no ano seguinte, porque até ali tinha sido sempre assim; sem parar. Ao mesmo tempo que sentia que devia fazer uma pausa, também sentia que devia gozar a medalha. Era uma confusão na minha cabeça e a dada altura tive mesmo de parar. Eu, que adoro ter pessoas à minha volta, a dada altura sentia quase fobia desse contacto. A esta distância vejo que me fez bem parar e organizar a vida. Não ia ficar para sempre no Centro de Alto Rendimento. Queria mais do que isso. Tinha, e tenho, sonhos por realizar e para isso precisava de estabilidade. A vida de um atleta pode ter percalços, desde que o lado pessoal esteja organizado. Queria a minha casa, ter tempo para mim. Não queria ser só uma rapariga e as suas sapatilhas.
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