"Quando estiver em declínio, eu próprio direi isso, serei quem vai dar a notícia"
Fernando Pimenta "entusiasmado" e sem pensar na defesa do título
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Fernando Pimenta já tinha “esquecido” a defesa do título de K1 1.000 metros conquistado em 2023 nos Mundiais de canoagem de velocidade, apresentando-se, na cidade italiana de Milão para “competir feliz e entusiasmado” entre quarta-feira e domingo.
“Já nem me lembrava [do título, conquistado no Canadá]. E sou igualmente recém-campeão da Europa [em junho, na República Checa]. Acho que isso é bom sinal. A melhor prenda que podia ter é a de competir feliz e com entusiasmo”, disse o limiano, que vai evoluir no olímpico K1 1.000 metros e ainda em K1 500 e 5.000 metros.
Em declarações à Lusa, Pimenta assumiu-se “tranquilo” com a forma com que chega a Itália, depois de na quarta-feira ter completado 36 anos, sendo um dos mais experientes canoístas “num ano em que muitos jovens querem mostrar-se e ganhar a sua posição nas suas equipas nacionais”.
“Esta época foi bastante tranquila, mas, felizmente, e também devido ao trabalho dos anos anteriores e de toda a consistência que tenho vindo a ter nas épocas passadas, os resultados continuam a aparecer”, congratulou-se.
Sem qualquer “pressão” por medalhas, garante que prossegue no longo pico da sua carreira, com cerca de 150 pódios internacionais, reiterando que será o primeiro a dizer quando não se sentir ao nível que exige de si próprio.
“Já ouvi que já estou a ficar velho. Sou, de facto, um dos mais velhos em competição, mas isso também é bom sinal, de longevidade. Quando estiver em declínio, eu próprio direi isso, serei quem vai dar a notícia. Depois de um resultado menos bom ou menos conseguido, as especulações são sempre naturais…”, desvalorizou.
Uma vez que os resultados “continuam a aparecer”, Pimenta prefere persistir focado no seu “caminho”, feito de “trabalho e sacrifícios diários” para se poder apresentar nas grandes competições “nas melhores condições”.
Fernando Pimenta destacou ainda o momento que vive na seleção, destacando o “excelente” ambiente entre todo o grupo, que em Milão será constituído por oito homens, dois dos quais da canoagem adaptada, e seis mulheres.
“A equipa está muito coesa, muito unida. Está um ambiente fantástico! Já estou na seleção desde 2005 e muito sinceramente já não me recordo de um grupo com esta coesão, com esta felicidade diária de estarmos bem todos os dias uns com os outros”, assumiu.
Para Fernando Pimenta, esse estado de espírito “ajuda a que os resultados apareçam naturalmente”, tal como o valor intrínseco de toda a seleção que entende ser de elevado nível.
“Todos são candidatos a excelentes desempenhos, a estarem na luta pelos títulos”, sentenciou.
João Ribeiro e Messias Baptista famintos para reforçarem estatuto
Os canoístas portugueses João Ribeiro e Messias Baptista estão famintos para revalidarem o título mundial de K2 500 metros, na cidade italiana de Milão, bem como de mostrar que o cetro europeu em K4 500 não foi acaso.
“Vou com expectativas altas. Os resultados dos últimos três ou quatro anos são de excelência. Consegui títulos de campeão e vice-campeão da Europa e de campeão do mundo. Vou com os pés assentes na terra, claro, mas com uma vontade indomável de defender o cetro de K2 e mostrar serviço no K4 campeão da Europa”, vincou Messias Baptista.
Em declarações à Lusa, o olímpico revelou-se empenhado em repetir o êxito de K2 500 metros alcançado no Canadá, em 2023, juntamente com João Ribeiro, numa dupla que, em junho, na República Checa, arrebatou o título europeu em K4 500, em equipa com os sub-23 Gustavo Gonçalves e Pedro Casinha.
“Vamos com boas expectativas, porque temos esses dois títulos no bolso e é normal que os queiramos defender. Continuamos a ser campeões do mundo. Vamos tentar o ouro ou, pelo menos, uma medalha, só por si já bastante difícil”, avisou João Ribeiro.
O atleta olímpico realça que vão ser regatas “muito exigentes”, sobretudo no K4, “um barco novo que já deu provas que tem muita qualidade”
“Geralmente, há barcos que aparecem e desaparecem e nós queremos continuar a afirmar que somos uma embarcação com a qual têm de contar para os próximos anos e para o ciclo olímpico”, sublinhou, destacando a “juventude, talento, empenho e dedicação” que Gustavo e Casinha trazem à formação.
Messias Baptista recordou que “resultados passados não garantem resultados futuros”, pelo que, depois do desempenho “perfeito” no Europeu, entende que “volta quase tudo ao zero”.
“Claro que, se calhar, vamos como favoritos, porém temos de mostrar novamente serviço e ver o que sai”, sustentou.
João Ribeiro e Messias Baptista querem provar que o sexto lugar olímpico em K2 500 aconteceu num mau dia para a dupla, que partiu mal em Paris'2024, pelo que, não escondem, há contas a acertar nesta especialidade.
“Éramos dos principais candidatos a uma medalha olímpica e não o conseguimos. Demos o nosso melhor e não foi possível. Claro que ainda temos esse sentimento de frustração, porque treinámos e trabalhámos muito para o conseguir, mas infelizmente não foi o nosso dia. Queremos tirar esta frustração, esta raiva, e provar que foi só um mau dia e que o K2 continua a andar, a ter bons resultados”, destacou João Ribeiro.
Quanto ao K4, Messias Baptista lamentou o facto de o quarteto só agora estar a competir junto, face aos “bons indicadores passados” que já auguravam bons desempenhos na tripulação que, com outra composição, falhou a ida a Paris2024.
O canoísta não escondeu que vai lutar por “duas medalhas”, contudo admitiu que não vai exibir um lado “ingénuo” e dizer que só com uma vai “ficar triste”.
Além do K2 500, nas disciplinas olímpicas Portugal procura manter ainda o ouro de K1 1.000 metros, alcançado por Fernando Pimenta em 2023.
A representação lusa nos Mundiais é composta por 14 canoístas, oito homens, incluindo os paracanoístas Norberto Mourão (VL2) e Alex Santos (KL1), e seis mulheres.