Em Tóquio, o surf integra o programa olímpico pela primeira vez, fazendo-se Portugal representar com o "mundialista" Frederico Morais, Teresa Bonvalot e Yolanda Hopkins.
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Quando David Raimundo assumiu o cargo de selecionador nacional, em 2013, os Jogos Olímpicos ainda não estavam no horizonte.
O objetivo só se tornou real três anos mais tarde, altura em que o surf foi oficializado no programa de Tóquio com mais quatro desportos (basebol/softball, skate, escalada e karaté) na busca da modernização e captação de novos públicos. "Ao ser anunciado que o surf ia ser olímpico, passou a ser a principal meta desta equipa técnica e federação. É o maior evento desportivo do mundo e não podíamos desperdiçar essa oportunidade. Inicialmente, a ideia era a qualificação de, pelo menos, um elemento. Depois, quando fomos ao Mundial, em El Salvador, o objetivo passava por apurar o maior número de atletas possível. Conseguimos a qualificação das duas mulheres e o Vasco [Ribeiro] ficou a um heat de conseguir", recorda o técnico a O JOGO.
Com três apurados em quatro possíveis, o que é "um marco histórico para o surf nacional e pode ajudar o país a crescer cada vez mais no panorama internacional", nas palavras do treinador, Portugal vai estar representado por Frederico Morais (melhor europeu nos Mundiais ISA de 2019), Teresa Bonvalot e Yolanda Hopkins (finalistas dos Mundiais ISA do mês passado). Para Raimundo, trata-se de uma equipa que permite sonhar com medalhas até pela imprevisibilidade que caracteriza a modalidade.
"Salvo alguma exceção, as ondas vão estar pequenas, a rondar o meio metro, secalhar até menos. Vai ser difícil para todos"
Com quatro anos de experiência no World Tour - em 2020 a época foi cancelada -, Kikas já foi terceiro em duas etapas (Oi Rio Pro de 2019 e Rip Curl Pro Narrabeen deste ano) e finalista numa (J-Bay Open de 2017), além de ter sido o primeiro português da história a conquistar o circuito de qualificação (WQS), em em 2019. Já Teresa foi bicampeã europeia júnior, em 2016 e 2017, enquanto Yolanda causou sensação em El Salvador com uma onda de 9,60 pontos (em 10), deixando para trás a sete vezes campeã mundial, Stephanie Gilmore, que depois felicitou a luso-inglesa.
"O Frederico é surfista do World Tour, tem uma carreira de duas décadas; a Teresa e a Yolanda, apesar de serem jovens, são experientes em provas nacionais e internacionais para competir em qualquer tipo de condições", defende o responsável, que descreve como estarão as ondas na praia de Shidashita, em Chiba, a cerca de 90 quilómetros da capital. "Salvo alguma exceção, as ondas vão estar pequenas, a rondar o meio metro, se calhar até menos. As condições vão ser difíceis para todos, mas os nossos surfistas estão habituados a competir em qualquer cenário. Não vai ser porque o mar vai estar pequeno que não vamos lutar. Estamos preparados", assegura.