Portugal sem candidatos: confira os destaques de mais uma edição do Rali Dakar
Um ano depois da morte de Paulo Gonçalves, são poucos os pilotos nacionais que estão no Rali Dakar e sem aspirações a lugares cimeiros.
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Na 43.ª edição do Rali Dakar vão competir 15 portugueses (sete são navegadores), um dos contingentes nacionais mais pequenos da história da prova e numa corrida que se desenrolará na integra em território saudita, o que acontece pelo segundo ano consecutivo.
A partir deste sábado e até dia 15, o rali, que começa e termina em Jeddah, volta a pôr à prova os pilotos mais ousados, sucedendo a uma edição marcada pelas trágicas mortes de Paulo Gonçalves e Edwin Straver, com vitórias atribuídas a Carlos Sainz (Mini), em automóveis, e a Ricky Brabec (Honda), em motos, tendo António Maio (Yamaha) sido o melhor português em duas rodas (27.º) e Paulo Fiúza o mais bem colocado na geral dos carros, como navegador de Stéphane Peterhansel (Bahrain JCW).
Em 2021, Portugal alinha sem candidatos ao pódio, o que acontece pela primeira vez em muitos anos e a ausência de Paulo Gonçalves, campeão mundial de todo o terreno em 2013, sublinha a enorme e dolorosa perda que abalou a caravana do Dakar e em especial os portugueses.
Entre os lusos, Rúben Faria, segundo em 2013, já não corre e dirige agora a Honda, que defende o triunfo de Brabec. "Temos quatro pilotos com muita experiencia e não mudámos praticamente nada na equipa, que é muito forte. A covid-19 afetou os planos de todo o ano, mas acreditamos que chegamos em forma", disse o antigo piloto algarvio.
Assim, em motos, assinale-se a presença de Joaquim Rodrigues, cunhado do malogrado Paulo Gonçalves, que passou um ano muito difícil. No Facebook, chegou a dizer que teve uma depressão, engordando dez quilos, mas acabou por querer voltar ao Dakar, no qual se estreou em 2017. "Decidi voltar ao Dakar para honrar o Paulo e também tentar livrar-me dos traumas que tive com ele naquele deserto. Estou a tentar deixar o Paulo feliz e quero-o orgulhoso também", explicou.
Segue-se Sebastian Bühler, piloto de origem alemã, que este ano conquistou o título mundial de Bajas, e que volta com a Hero Motosports, após ter sido o terceiro melhor rookie em 2019.
Rui Gonçalves e Alexandre Azinhais são duas estreias: Gonçalves (Sherco) cumpriu uma prova de todo o terreno pela primeira vez em outubro, no Andalucia Rally , tendo no currículo 17 anos de Mundial de Motocrosse; Azinhais experimenta o Dakar, após a participação no Africa Eco Race de 2017. "É a minha primeira experiência, logo não tenho qualquer pressão", referiu Rui Gonçalves.
Já Mário Patrão, depois de vários anos na equipa oficial da KTM, preparava-se para alinhar na categoria MalleMoto, enfrentando o desafio de correr sem qualquer assistência externa, mas anunciou a retirada, por ainda estar a recuperar de uma fratura no fémur esquerdo, sofrida no início de dezembro.
Nos automóveis, Ricardo Porém (Borgward) ia repetir a aposta de 2020 com o irmão Manuel, este como navegador, mas testou positivo à covid-19 e foi substituído por Jorge Monteiro. Mais três lusos entram no rali como co-pilotos, ao lado de competidores lituanos: é o caso de Filipe Palmeiro (Benediktas Vanagas: Toyota), Paulo Fiúza (Vaidotas Zala: Agrorodeo) e José Marques (Gintas Petrus: Optimus).
Em camiões, José Martins comanda um Iveco e Nuno Silva é navegador do espanhol Alberto Herrero (MAN). Na categoria dos SSV, participam Rui Miguel Carneiro/Filipe Serra (MMP) e Lourenço Rosa/Joaquim Dias (Can-Am).
Ausentes estarão Fausto Mota e António Maio; o primeiro, que competiu entre 2016 e 2020, chegando sempre ao fim, optou, desta vez, por se dedicar à sua atividade profissional, enquanto o segundo, devido à pandemia, decidiu não avançar para aquela que seria a sua terceira participação consecutiva.
Speedy no capacete de Toby Price
"Quis agradecer todo o apoio e carinho dos portugueses"
Toby Price, o australiano da KTM que venceu o Dakar em 2016 e 2019, corre na Arábia Saudita com um capacete que presta tributo a Paulo Gonçalves. Com "dois capacetes fresquinhos para o Dakar de 2021", assim foi o anúncio nas redes sociais, o piloto inscreveu num deles a palavra Speedy, alcunha de Gonçalves, associando-lhe as bandeiras portuguesa e australiana. "Quis agradecer o apoio e carinho que os portugueses me deram nos tempos mais duros e, também, pelo facto de terem perdido um dos seus heróis. Speedy correrá comigo", afirmou o piloto que foi o primeiro a chegar junto de Paulo Gonçalves após a queda, tendo com ele ficado cerca de uma hora e meia.
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