Pilotos do WRC fazem “blackout” no Rali Safari

Uma multa de 10 mil euros ao francês Adrien Formaux (que pode subir a 30 mil em caso de reincidência), por dizer “f...” na entrevista rápida após a power stage do Rali da Suécia, levou os pilotos do Mundial de Ralis a uma atitude inédita: vão estar em “blackout” durante o Rali Safari, que se inicia esta quinta-feira, abrindo apenas exceções para declarações na suas línguas maternas. Hoje, após o shakedown, Elfyn Evans respondeu em galês e Thierry Neuville em francês, enquanto os restantes se mantiveram em silêncio.

“Os pilotos e co-pilotos juntaram-se para manifestar a sua opinião, procurando clareza e cooperação para o futuro. Como em todos os desportos, aceitamos as decisões dos árbitros. Mas não somos todos profissionais a tempo inteiro, assim como enfrentamos condições extremas e vamos ao limite”, pode ler-se num comunicado emitido pela sua associação de classe (WoRDA), que destaca o facto de “nos últimos meses ter existido um aumento alarmante nas sanções por menores, isolados e não intencionais lapsos de linguagem”. “Que chegaram a um nível inaceitável”, alertam.

A WoRDA considera que “expressões vulgares não podem ser julgadas como insultos ou atos de agressão; falar em outra língua leva a que não exista uma total compreensão dos significados ou conotações; em momentos de picos de adrenalina não se pode esperar um perfeito controlo das emoções”. E conclui que “as multas são exorbitantes e desproporcionais aos salários médios”.

A Federação Internacional do Automóvel (FIA) reagiu de imediato, com o seu presidente, Ben Sulayem, a enviar um email aos pilotos e a agendar uma reunião para o final do Safari. Mas nem isso os acalmou. “Percebo que não queiram palavrões. Mas sendo o salário médio de 37 mil euros, estamos a falar de uma multa de um quarto disso”, protestou Gus Greensmith, ouvido pelo “Dirtfish”. Formaux, reforço da Hyundai este ano, terá um vencimento estimado de meio milhão de euros anuais, portanto pouco acima dessa média.