Comité Olímpico Internacional confirmou que terá a Inteligência Artificial a eliminar as mais ofensivas das 500 mil mensagens ligadas aos Jogos. Paris vai receber os Jogos Olímpicos mais vigiados de sempre, num sistema pela primeira vez liderado por Inteligência Artificial, que patrulhará ruas, estádios e redes sociais
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Durante o Mundial de atletismo do ano passado, em Budapeste, foram identificadas 258 mensagens, dirigidas a 47 dos 1344 atletas, com conteúdo agressivo, na sua maioria racista ou sexista. Isso não se repetirá nos Jogos de Paris’2024, pois o Comité Olímpico Internacional (COI) confirmou que utilizará a Inteligência Artificial (IA) para vigiar as mais de 500 mil mensagens dirigidas aos atletas, eliminando de imediato as consideradas abusivas. Será uma utilização inédita da tecnologia que também auxiliará na segurança do evento, vigiando ruas, estádios e pavilhões, para detetar sacos abandonados, armas ou potenciais conflitos.
A IA, ligada às mais de 90 mil câmaras de vigilância existentes em França, já foi testada durante o PSG-Lyon e os concertos de Taylor Swift, Depeche Mode e Black-Eyed Peas. O sistema tem gerado polémica, por ser um potencial atentado à privacidade, e as autoridades também alertaram para algumas falhas no seu funcionamento.
Em relação aos atletas, o COI tem poderes, conferidos pela Carta Olímpica, que lhe permitem agir, embora nas redes sociais se trate sobretudo de os proteger. Um teste recente ao funcionamento da IA, durante a Semana dos Olympic Esports, detetou, entre 17 mil publicações, 199 consideradas abusivas, feitas por 48 autores e dirigidas a 122 jogadores. Nos Jogos de Paris, além dos insultos racistas e sexistas, esperam-se outros relacionados com a guerra entre Rússia e Ucrânia e com o conflito entre Israel e o Hamas.
À vigilância sobre as mensagens vai somar-se, na Aldeia Olímpica de Paris, uma preocupação com a saúde mental, tema sensível desde os problemas revelados pela ginasta Simone Biles em Tóquio’20. Existirá uma zona de “meditação e relaxe” e uma linha de apoio, embora cerca de 90 países vão incluir especialistas nas suas delegações. Segundo uma psiquiatra, um em cada três atletas tem problemas mentais, como ansiedade ou depressão.
Atletas não podem fazer “lives”
Proibidos de fazer publicidade durante os Jogos, com exceção de agradecimentos a patrocinadores (sem os mostrar), os atletas vão poder publicar fotografias, áudios ou vídeos nas suas redes sociais, “respeitando os valores olímpicos e privacidade dos outros”, mas não sem permissão para fazer “lives”. Todas as publicações terão de ser feitas até uma hora antes das competições ou depois de abandonarem o local onde decorreram.