Paris declara amanhã aberto o maior evento desportivo do mundo, tendo exigência máxima em várias frentes. Epicentro das provas, que vão até à Polinésia Francesa (surf), a capital francesa prepara-se para lidar com um panorama complexo, em termos logísticos, de segurança, instabilidade política e boicotes.
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Ao fim de três anos de espera, em vez dos tradicionais quatro, os 33.ºs Jogos Olímpicos da Era Moderna já estão em andamento, com o arranque dos torneios de futebol e râguebi sevens. Em relação a 2021, ano em que excecionalmente aconteceram os Jogos de Tóquio e a pandemia foi quase preocupação exclusiva, competindo-se sem público, esta edição promete ser mais variada em problemas.
O regresso dos espetadores às bancadas vai ser em grande, desde logo na inédita Cerimónia de Abertura de amanhã, fora de um estádio, esperando-se 300 mil pessoas nas margens do Sena. A “invasão” à capital francesa tem afetado o dia a dia dos parisienses, temendo-se que a rede de transportes não consiga dar resposta à elevada procura até 11 de agosto, dia da Cerimónia de Encerramento. Virada do avesso, Paris também enfrenta a ameaça terrorista - ainda ontem, na região de Gironda, foi detido um suspeito de planear um ataque nos Jogos -, o que tem resultado em regras apertadas e confusas de segurança.
A agitação política em França também pode desestabilizar, ainda mais após o presidente Emmanuel Macron fazer saber que só nomeia novo governo após o evento, recusando-se a dar posse a Lucie Castets, da Nova Frente Popular, de esquerda. Em termos de política externa, estes Jogos vão ser recordados pelo boicote à Rússia e Bielorrússia - só 25 atletas destes países receberam estatuto neutro pelo Comité Olímpico Internacional -, mais pela contestada aceitação de Israel, em guerra com o Hamas.
A prometida igualdade de género vai ficar por cumprir por cerca de uma centena de atletas e a folha de custos de uma edição em que “os Jogos financiam os Jogos” já está perto dos dez mil milhões de euros.
Abertura: desfile de cem barcos
Muito antecipada, por vir a ser a primeira da história fora de um estádio, a Cerimónia de Abertura terá como ponto alto o desfile das comitivas pelo Rio Sena. Ao longo de seis km, da Ponte de Austerlitz à Ponte de Jena, perto de cem barcos vão transportar aproximadamente 10500 atletas, tendo em pano de fundo alguns monumentos icónicos como Notre-Dame, Louvre ou a Torre Eiffel e alguns recintos de provas como Les Invalides (tiro com arco, meta da maratona e partida do crono) e o Grand Palais (esgrima e taekwondo). A presença de Céline Dion em Paris levantou suspeitas que a cantora canadiana possa ser uma das estrelas a atuar.